Eu sempre acreditei que a leitura é um encontro e assim como tudo que acontece na vida, a leitura de um livro nunca é por acaso! Por força do destino ou conspiração do universo (como preferir), a primeira obra que li do João Anzanello Carrascoza foi o emocionante “Aos 7 e aos 40”, uma narrativa feita em dois tempos em que a história de vida de uma personagem é apresentada por meio de experiências vividas aos 7 e aos 40 anos de idade.
Talvez a coisa mais legal do livro seja esse contraponto: entre a pureza das descobertas de uma criança e a visão madura de um homem de meia idade que já desconfia o que está por vir.
“Fascinava-me tudo o que de súbito, surgia à minha frente. Mas não o desvelar de seu mistério! Por isso, quando a professora explicou que aquela flor, igual a tantas nos jardins das casas, era uma monocotiledônea, foi um susto!”
De forma sutil, seja pela mudança na cor da metade da página em que as narrativas do menino (verde claro) e do homem (verde escuro) são apresentadas, seja pelos títulos dos capítulos que são verdadeiros antônimos, vamos ao longo da leitura tomando consciência de que nos tornamos pessoas diferentes, presas em um mesmo corpo durante a vida.
“Esta é minha mulher e eu voltei pra ela, e, enquanto a observava colocar as flores num vaso, (não eram monocotiledôneas, pensou) sabia que ela, sem se valer das palavras, estava dizendo, Este é meu homem e ele voltou pra mim”.
Com uma linguagem envolvente e carregado de emoção, o livro prende desde a primeira frase, até mesmo os leitores que como eu, ainda não conheciam o autor. Me senti íntima já na primeira página! A intimidade foi aumentando na medida em que criava uma percepção própria sobre como nossa relação com a vida, a morte, as perdas e a leitura da tristeza nas pessoas se modifica ao longo da vida. Fiquei pensando sobre o que vou escrever ou dizer quando chegar aos 40 anos!
Ainda que lindo, o livro gera também uma angústia pelo desvelar assustador do amadurecimento e da realidade, e isso emociona. Muito! Uma emoção que me deu vontade de abraçar forte o autor, de carregar no colo o menino e de dizer ao homem de 40 que está tudo bem! Vale super a pena a leitura!
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