Cem Anos de Solidão Destaque

Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez

15:20Júlia Cavalhares





“Muitos anos depois, frente ao pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo”, é desta forma, voltando a imaginação para as memórias de um homem em frente a um pelotão de fuzilamento que Gabriel García Márquez inicia a obra “Cem anos de solidão” (1967) que marcou de forma definitiva a literatura latino-americana.


Em seu realismo fantástico o livro conta a saga da família Buendía, marcada por uma história de repetições e solidão. A partir da árvore genealógica cujas raízes são José Arcádio Buendía, um homem de “imaginação desaforada” e sua prima e esposa Úrsula, “mulher de nervos inquebrantáveis”, Gabo (como é conhecido o autor) conta a história centenária da família que fundou Macondo, a cidade fictícia que serve de cenário para o enredo.

A peculiaridade da Macondo inventada por Gabo é, em muitos aspectos, comparável à realidade latino-americana, onde a solidão latente das personagens pode ser comparada à solidão de um continente muitas vezes isolado política, social e economicamente, que em alguma medida permanece preso a uma ideia de subdesenvolvimento introduzida por seus colonizadores. Neste continente solitário, a exemplo do que ocorre na obra literária, há uma história marcada por uma série de repetições, onde colonizados e colonizadores, por vezes assumem papel similar.


A relação gente-terra está muito presente no romance, cuja identidade das personagens influencia e é influenciada sobremaneira pela organização e condição política e social de Macondo ao longo dos anos. Os acontecimentos inusitados ocorridos na cidade (uma epidemia de insônia ou um dilúvio de quatro anos) são reflexo do desequilíbrio desta relação, na maioria das vezes causados quando há uma tentativa de quebra de seu isolamento geográfico.


Outros aspetos como, por exemplo, a corrupção dos governantes e as lutas resultantes do conflito entre duas ideologias políticas: a conservadora e a liberal, travadas muitas vezes por ímpetos heróicos e terminadas de forma pouco resoluta, também ressaltam a forte referência feita no romance ao contexto social da América Latina, em especial, às suas “revoltas inconclusas”.

No entanto, embora apresente várias referências à dura realidade latino-americana, “Cem anos de solidão” não deixa de ser uma obra poética, emocionante e envolvente, onde as aventuras fantásticas e as desventuras da família Buendía, valem cada minuto de leitura.

Não por acaso, apesar de ter sido um livro lido em um momento mega conturbado da vida (o que talvez tenha influenciado nessa resenha mais “dura” do que o convencional rs), encheu meu coração de alegria e passou a figurar entre os meus top 5! É intenso, é poético, é de fazer o coração transbordar de amor. É Gabo né, gente?!?

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3 comentários

  1. Olá, flor!

    Tenho visto nas redes sociais a propaganda que diz sobre a Netflix ter ganho os direitos do mesmo, a vontade de ler é tremenda, mas no momento estou com 3 livros na cabiceira, então esse vai ter que esperar.

    Bjs

    Deliciosa Ilusão

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    Respostas
    1. Quando chegar a hora tenho certeza que será uma leitura maravilhosa! ;)

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