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Amor, essa doce inspiração
Um filme doce, sutil, delicado, sobre uma penetrante história de amor,
nos finos anos 50 nova-iorquinos, que vai te fazer flutuar. Essa é minha
definição para “Carol”, do diretor Todd Haynes, indicado a seis categorias do
Oscar 2016, e que acaba de chegar à Netflix.
A trama conta a história de Carol Aird (Cate Blanchett), uma mulher
chique e apaixonante, que está para se separar do possessivo marido Harge (Kyle
Chandler), com quem tem uma adorável filha. Ela foi levada a esse casamento
pelas condições sociais da época, já que, naquele tempo, era quase que
impossível traçar um caminho de vida que não fosse o tradicional. Até que um
dia, perto do feriado do Natal, ela conhece Therese Belivet (Rooney Mara) em
uma loja de brinquedos, e as duas começam a se relacionar. Só que aquela
amizade vai além, claro: a mais velha se encanta com a simplicidade e a pureza
da mais jovem... E a mais nova descobre na mais experiente o real motivo para
as palavras: curiosidade, fascínio, amor. Elas se apaixonam, e um intenso romance
surge naturalmente como um botão de rosa se transformando na mais fina flor.
Mas nem tudo são flores. Se um romance dessa magnitude já é complicado
em tempos mais modernos, imagine no retrógrado e familiar anos 50. Além dos
preconceitos da época, o ciúme excessivo do futuro ex-marido, aliado à pressão
pelo fato de Carol ter uma filha, dificultam a relação das duas. E, justamente
por esses motivos, o enredo ganha ares sensíveis de desilusão, mas com
sensibilidade poética retratada com maestria e perfeição. Sem pressa, o roteiro
mostra o que realmente precisa ser mostrado. A começar pelo papel que cada uma
das atrizes desempenha em cena. A protagonista tem o dom da serenidade, da
elegância, do glamour. A coadjuvante tem no olhar e na expressão facial a
maneira mais exata para a procura pela liberdade. E Cate Blanchett e Rooney
Mara, indicadas às estatuetas de melhor atriz e melhor atriz coadjuvante,
respectivamente, atingem o ápice em cena. Como não reparar na forma como Carol
toca os cabelos loiros enquanto a neve cai lenta e deslumbrantemente? Ou como
não se emocionar quando Therese treme de desejo ao tocar sua amada pela
primeira vez? Impecáveis, as duas atrizes se entregam tanto que mais parece que
os papéis foram feitos especialmente para elas.
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Bem, já posso finalizar, pois não há mais o que se falar... Apenas da
delicadeza do amor como menu, da paixão tão sensível a olho nu, do enriquecedor
momento desse sentimento cru. A viagem no tempo e a inspiração melódica que “Carol”
proporciona surge como um presente aos olhos, à mente, ao coração. É tudo
aquilo que pode ser definido como admiração.
TRAILER
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