3 Poemas incríveis de Caio Fernando Abreu
Caio Fernando Abreu
3 Poemas incríveis de Caio Fernando Abreu
00:00Kellen Pavão
Oriente
manda-me verbena ou benjoim no próximo crescente
e um retalho roxo de seda alucinante
e mãos de prata ainda (se puderes)
e se puderes mais, manda violetas
(margaridas talvez, caso quiseres
manda-me Osíris no próximo crescente
e um olho escancarado de loucura
(um pentagrama, asas transparentes)
manda-me tudo pelo vento;
envolto em nuvens, selado com estrelas
tingindo de arco-íris, molhado de infinito
(lacrado de oriente, se encontraste)
Stone song
(Porto Alegre, 1996)
Eu gosto de olhar as pedras
que nunca saem dali.
Não desejam nem almejam
ser jamais o que não são.
O ser das pedras que vejo
é só ser, completamente.
Eu quero ser como as pedras
que nunca saem dali.
Mesmo que a pedra não voe,
quem saberá de seus sonhos?
Os sonhos não são desejos,
os sonhos sabem ser sonhos.
Eu quero ser como as pedras
e nunca sair daqui.
Sempre estar, completamente,
onde estiver o meu ser.
Faz anos navego o incerto
Faz anos navego o incerto.
Não há roteiros nem portos.
Os mares são de enganos
e o prévio medo dos rochedos
nos prende em falsas calmarias.
As ilhas no horizonte, miragens verdes.
Eu não queria nada além
de olhar estrelas
como quem nada sabe
para trocar palavras, quem sabe um toque
com o surdo camarote ao lado
mas tenho medo do navio fantasma
perdido em pontas sobre o tombadilho
dou a face e forma a vultos embaçados.
A lua cheia diminui a cada dia.
Não há respostas.
Queria só um amigo onde pudesse jogar o coração
como uma âncora.
2 comentários
Olá, boa tarde!!!
ResponderExcluirQue belos poemas, cada um traz consigo uma reflexão.
Um abraço!!!
Paz e Luz!!!
✿ Anna Lírios em Letras ✿
Amei!
ResponderExcluirObrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...