Vivendo no ano de 2257, Pietro é um jovem que mora sozinho em um apartamento repleto de computadores antigos e trabalha em uma fábrica. Utilizando o LIRVA 5 de seu amigo Darcy, óculos que permitem aos usuários entrarem em uma realidade virtual, ele conhece Diana, por quem se apaixona, mesmo sem saber se na vida real ela é do mesmo jeito que se apresenta na cidade fictícia onde se encontraram.
Diana trabalha como repórter no Menestrel, um jornal que só permite que ela publique notícias que não exponham nada desfavorável ao governo do Suserano, que controla toda a humanidade. Ela é a única humana além do chefe que trabalha ali, em meio a vários funcionários androides dotados de inteligência artificial.
“Diana fizera uma matéria um ano antes evidenciando que muito em breve, possivelmente naquele presente ano de 2257, um grave colapso na produção e distribuição de comida ocorreria. Havia gente demais para uma produção incapaz de sustentar a todos. O mesmo problema já ocorria em outros setores da sociedade, como o imobiliário e o farmacêutico, por exemplo. Lentamente, o Governo do Suserano vinha ruindo de dentro para fora. E num Regime em que o igualitarismo deve prevalecer acima de tudo, toda a sociedade vinha abaixo junto.”
Quorra é a irmã caçula de Diana e faz parte secretamente de um grupo hacktivista, aliada a Carlos, traficante de drogas, líder de um grupo rebelde e informante da repórter.
Quando Diana começa a investigar uma chacina provocada por robôs policiais, se vê mergulhada em investigações que apontam sérias tramas que envolvem pessoas em cargos de poder e autoridade.
Então ela se vê sem saída, a não ser se unir ao grupo rebelde – em que Pietro também acabou entrando – para tentar trazer a verdade à tona.
“A maior canalhice existente é ser obrigado a votar, e isso ser chamado de direito, ser obrigado a pagar impostos e ser chamado de contribuinte, sofrer coerção policial caso eu me entorpeça e ser argumentado que isso é para minha proteção. Pagamos tributos a governos que odiamos, administrado por homens que repugnamos, em nome de ideais que discordamos.”
Preciso destacar que essa foi minha primeira experiência com uma ficção científica nacional contemporânea. O autor me disse que o romance mescla cyberpunk com biopunk, e o que posso dizer sobre isso é que em alguns momentos durante a leitura eu me sentia em uma aula de Física, Química ou Biologia e, bem... eu sou de Humanas (risos).
Apesar disso, Jean Gabriel Álamo teve o cuidado de introduzir notas de rodapé bem explicativas, o que facilita o entendimento e torna a história mais acessível.
A narrativa é feita em terceira pessoa e os capítulos trazem no início qual é o personagem que receberá o foco, o que é bem interessante, pois aproxima o leitor de cada um deles. A propósito, os personagens são bem construídos e conseguem nos cativar, despertando aquela torcida para que as coisas fiquem bem e eles alcancem seus objetivos.
O universo criado é bem verossímil e provoca reflexões sobre a possibilidade de o mundo viver algo parecido daqui a 200 anos. O autor é genial em suas críticas sociais e políticas, com aquelas semelhanças com a realidade do tipo “mera coincidência”, que te fazem pensar: eu entendi a referência!
“Diana tentou processar aquilo.
- Isso é real?
- Claro – disse SME-4. – Não ensinaram isso na escola?
- É óbvio que não!
- Bom, não é interesse do Suserano desenvolver a inteligência de seus súditos – disse Carlos com um sorriso. – Ou seríamos todos rebeldes.”
Não vou dizer que devorei o livro rapidamente, preciso admitir que foi uma leitura que exigiu de mim mais tempo e esforço do que os do tipo “água-com-açúcar” que costumo curtir.
Recomendo a quem gosta do gênero e para aqueles que buscam literatura nacional contemporânea que foge do “mais do mesmo” que temos visto por aí.
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