Uma das maiores surpresas que tive no cinema em 2016 foi o filme A Chegada. O filme, como o próprio nome indica, narra a chegada de alienígenas na Terra e mostra a tentativa de comunicação dos humanos com os seres chamados de heptápodes que estão nas naves recém chegadas.
Assim que assisti ao filme descobri que ele havia sido inspirado em um conto, e imediatamente quis conhecer a história original. Com o livro em mãos pude compreender o belo trabalho feito na adaptação dos cinemas, e consegui ficar ainda mais encantada pela história.
Peço licença para algo que não costumo fazer, mas é muito difícil falar deste livro sem mencionar alguns SPOILERS. Portanto, se você não tem interesse em saber grandes detalhes do livro, esta é a hora de ir conferir outras resenhas do Universo dos Leitores!
Como eu disse anteriormente, o livro começa a partir da história da Dra. Banks: uma professora de inglês especializada em linguística que é chamada pelo governo norte-americano após a chegada de naves alienígenas na Terra. A professora é convocada para conduzir a equipe responsável pela comunicação e pelas tentativas decodificação do idioma (se é que podemos chamar desta forma) dos heptápodes. Gary, um físico a quem é dada a tarefa igualmente difícil de desvendar o sistema matemático utilizado pelos alienígenas também integra uma das equipes que trabalharão ao lado da doutora.
Mas antes de falar sobre o contato com os alienígenas, devo lembrar que a história narrada pela Dra. Banks não se limita à descrição do contato com os heptápodes: entre um contato e outro, a professora simultaneamente (guardem esta informação) narra detalhes da sua vida pessoal e da relação com sua filha de forma emotiva e comovente, o que nos leva a pensar que existe muito mais por trás daquelas memórias (ou seriam previsões?).
A esta altura você deve estar se perguntando:
"Como a doutora vai se comunicar com seres que não são terráqueos? Será que nossos olhos, ouvidos ou mesmo nossa percepção seria capaz de captar os métodos de comunicação usados pelos alienígenas?"
Esta e outras perguntas passaram pela minha cabeça ao longo do filme e posteriormente durante a leitura do conto. Felizmente a determinada Banks consegue aplicar metodologias linguísticas que a levam a incrível descoberta do sistema bidimensional dos alienígenas, composto por sons (incompreensíveis aos nossos ouvidos) e logogramas que integram o que seria nossa linguagem escrita. Assim que seu contato se torna mais eficiente e ela tem acesso à linguagem dos heptápodes, Banks atinge uma nova percepção, conquistando uma nova forma de inteligência.
Para ser mais clara, assim que a professora decodifica a linguagem passa a agir como os heptápodes, que não vivem ou pensam de forma linear: ela conquista um nível de inteligência superior e os acontecimentos de sua vida passam a ser simultâneos. Você se lembra quando eu contei sobre as memórias de Banks e de sua filha? Estas memórias são também previsões, já que Banks consegue vivenciar o tempo de forma relativa, assim como os alienígenas. É por esta razão que as vezes somos surpreendidos com histórias que parecem ora do futuro, ora do passado e Banks passa a vivê-las simultaneamente.
A partir desta relativização de passado e futuro, o presente ganha importância e a doutora consegue saber de antemão todas as implicações de suas escolhas.
As mensagem da história deu origem a um belíssimo conto, que valoriza as nossas ações no presente e nos leva a refletir sobre a nossa insignificância diante do universo, e sobre a importância do livre arbítrio. Você se envolveria com uma pessoa sabendo como será doloroso separar-se dela no futuro? Você mudaria o passado conhecendo as consequências dos próprios atos no futuro? Não existe resposta certa, mas existe algo que representa uma das mais importantes características da nossa evolução: poder de escolha.
Leitura recomendadíssima para todos aqueles que gostam de comunicação, de uma boa história de ficção científica e mais do que isso, para todos que se buscam compreender melhor as relações humanas.
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