Caitlin Doughty
Confissões do Crematório
Confissões do Crematório, de Caitlin Doughty
00:00Isabela Lapa
Falar sobre a morte é algo que todos tentamos evitar. O assunto parece um tabu e sempre vem acompanhado de sentimento de dor, medo e pena. Pense em quantas vezes vocês já usaram a expressão: "Não acredito que ele morreu!" ou "Coitado, faleceu tão de repente!".
O receio da morte é algo que aprendemos ainda na infância, afinal, viver é sagrado! Contudo, esse receio é inútil uma vez que a única certeza que temos na vida é a de que um dia nós vamos morrer. Concordam?
É por isso que Confissões do Crematório, o primeiro livro de não ficção da coleção Dark Love, pode ser considerado uma leitura obrigatória. Com muita sinceridade e utilizando de um humor ácido, a autora descreve as experiências que teve no período em que trabalhou em um crematório e esclarece que não foi parar lá por acaso. Na verdade, ela sempre quis estar lá.
Nas primeiras páginas do livro entendemos que a relação de Caitlin com a morte começou a infância e que o assunto que inicialmente lhe deixava em pânico passou a ser visto com naturalidade e a instigar a sua curiosidade:
"Meu relacionamento com a morte sempre foi complicado. Desde a infância, quando descobri que o destino final de todos os humanos era a morte, o puro terror e a curiosidade mórbida lutavam pela supremacia na minha mente. (...) Eu queria coisas mais pesadas: corpos de verdade, morte de verdade."
Com isso, trabalhar em um crematório foi o caminho que ela encontrou para ficar em contato direto com o universo que para muitos é considerado sombrio ou mórbido, mas que para ela era apenas a consequência automática da existência.
Ao narrar os procedimentos realizados com os corpos nos crematórios, ela também apresenta curiosidades sobre a assunto, demonstrando a diversidade da abordagem do tema em várias culturas, aspectos filosóficos sobre a compreensão da morte etc. Da mesma forma, pontua críticas sagazes e relevantes sobre a indústria da morte nos Estados Unidos.
É um livro rico em experiências e em informações que conseguem nos colocar diante de várias reflexões diferentes. A narrativa tem o poder de transformar a nossa visão sobre o tão temido "fim da vida".
Um ponto interessante na leitura é perceber que os corpos, ainda que sem vida, são tratados com respeito pelos profissionais que dedicam as suas vidas à tarefa de prepará-los para a despedida final.
"Dez meses depois que comecei a trabalhar na Westwind, eu sabia que a morte era a vida para mim. Eu queria ensinar as pessoas a cuidarem dos seus mortos como nossos ancestrais faziam. A lavar os corpos elas mesmas. A assumir o controle dos seus medos. Várias opções se apresentavam. A primeira era fazer as malas e fugir no meio da noite, largar o crematório e me juntar às parteiras da morte. (...)"
A narrativa, que para muitos pode parecer tensa ou desagradável, é super leve e fluida, fazendo com que a leitura prenda a atenção do início ao fim. Eu me identifiquei muito com a escritora, já que assuntos relacionados à morte sempre chamaram a minha atenção e despertaram minha curiosidade. O motivo eu não sei dizer, mas sempre foi assim!
Sem dúvida eu recomendo a leitura e posso garantir que vocês vão se surpreender!
"Somos animais glorificados que comem, cagam e estão fadados a morrer. Não somos nada mais do que futuros cadáveres."
Se tiverem interesse em saber mais sobre a escritora, vocês podem visitar o canal dela no You Tube! É super interessante... Cliquem aqui e confiram!
*Este livro foi recebido em razão da parceria com a Darkside Books.
Oferta do Livro na Amazon: http://amzn.to/2hGQbEl
2 comentários
Bacana, muita gente ultimamente vem falando mal desses livros de youtuber/blogueiro, mas como sempre, há excessões ao gênero. Recomendo Alucinadamente Feliz. Abraços
ResponderExcluirnaciadelivros.blogspot.com.br
Pois é, também não entendi muito bem as críticas... Mas, opinião é opinião, não é mesmo? Eu também AMEI! Bjs, Isa!
ExcluirObrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...