Laura é uma menina sequestrada e jogada no fundo de um buraco por alguém que todos imaginavam ser um bom homem. Ela vê sua vida mudar da noite para o dia, e passa a descrever com detalhes sinistros e íntimos cada dia, cada ato, cada dor que o sequestro e o aprisionamento lhe fazem passar. Estevão é homem casado, trabalhador, pai de família, mas que guarda em seu íntimo uma personalidade psicopata. Ele percorre ruas e cidades se apossando da vida de meninas ainda muito jovens, pois dentro de si uma voz afirma que é dele que elas precisam. Mergulhando fundo nessa fantasia, ele destrói vidas, famílias e sonhos, deixando atrás de si um rastro de dor e morte.
Narrado em parte em forma de diário, o livro acompanha mais de quatro anos da vida de Laura em um buraco embaixo da terra, período em que algo dentro dela também se modifica de uma forma inimaginável em busca da única maneira para sobreviver. Publicado originalmente na plataforma digital Wattpad, onde já teve mais de um milhão e meio de leituras, DIÁRIO DE UMA ESCRAVA apresenta um retrato duro, cruel, abominável, mas infelizmente corriqueiro no Brasil e em todo o mundo.
Através de Laura, raptada ainda adolescente por um homem que ela chama de “Ogro”, a autora denuncia os diversos tipos de violência que muitas mulheres são obrigadas a suportar em silêncio e nas sombras da sociedade. O “Ogro”, um homem aparentemente comum, honesto e “acima de qualquer suspeita”, mantém Laura presa em uma casa afastada, onde abusa dela sexual e mentalmente, alegando ser ela o seu verdadeiro amor. Laura, compreensivelmente, só pensa em escapar dali. Mas agora ele parece estar mudando. Será que é o melhor momento mesmo para fugir?... Bem, isso você vai ter que ler para descobrir.
Munida dos melhores livros e pesquisas sobre o assunto — incluindo de casos reais ocorridos na Europa e nos Estados Unidos — e também uma grande admiradora do trabalho de Ilana Casoy, Rô sabe que não podemos fechar os olhos para essa realidade. E é por isso que sua narrativa é detalhista e, por vezes, até impiedosa. No entanto, é através da ficção que ela tenta mostrar um sofrimento verdadeiro. Um de seus objetivos como escritora é mostrar, de forma crua e realista, como a mulher pode atingir “níveis degradantes através de situações impostas pelo homem e pela sociedade”. Para Mierling, “a escrita não tem sexo. A mente não tem sexo, e a imaginação e a criatividade muito menos”.
A autora já organizou diversas antologias, além de ter autopublicado e colocado no Wattpad mais de dez livros. Embora escreva ficção, ela transmite um pouco da própria trajetória e de seu cotidiano em suas histórias. Nas obras dela, não há amores melosos, flores e corações. Coisas como essas podem até existir para outros escritores, mas Rô convive com sombras o tempo todo, embora saiba também apreciar o sol. No seu mundo não há espaço para fantasias. “Se eu não acordar para trabalhar, morro de fome, não tenho ninguém por mim. Luto para não ficar doente, não ser vítima de violências, não ficar louca e, ainda assim, chegar à noite de mais um dia. Isso não é fácil, é dark”, explica ela.
A preferência pelo terror e pelo suspense psicológico é naturalmente refletida em seus livros. Na sua nova casa editorial, Rô quer apresentar um terror real, o mal que pode brotar em qualquer um de nós “como forma de alerta a respeito da vida não ser tão florida quanto se espera”.
“Rô consegue ser visceral e verdadeira, não pede licença para o leitor e, em pouco tempo, nos torna reféns de seu universo sombrio.”
— KIM MYERS —
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