Charles Baudelaire foi o poeta francês que ficou conhecido como o grande percursor do simbolismo e possível fundador da poesia moderna. A sua obra é considerada uma referência e ele é considerado um dos maiores poetas do século XIX.
Com uma sensibilidade ímpar e uma capacidade impecável para ordenar as palavras, os seus poemas falam sobre o tempo, as angústias, a hipocrisia, o dia, a noite e muito mais. A leitura é densa e demanda atenção, mas envolve de forma muito particular e toca no fundo da nossa alma, fazendo com que cada minuto dedicado valha a pena.
Seu livro mais famoso, intitulado As Flores do Mal, ganhou uma edição da Martins Claret, e reúne 126 poemas, divididos por temas: Vinhos, Flores, Morte, Revolta etc.
Sem dúvida uma obra que merece destaque e que vale a pena ter na estante. Conheçam alguns poemas e preparem-se para grandes emoções:
A ASSOMBRAÇÃO
Como os anjos de rude olhar
À tua alcova vou voltar
E junto a ti irei chegando
Pelas sombras da noite entrando;
E te darei, morena amada,
Beijos com a lua gelada,
E mil carinhos de serpente,
Em torno da fossa rampante.
Quando a manhã vier brilhar,
Acharás vago o meu lugar,
E até a noite sem calor.
Como outros por meiga atitude,
Sobre a tua vida e juventude,
Quero eu reinar pelo pavor.
A MÚSICA
A música, por vezes, me abraça qual mar
Rumo a branca estrela,
Sob um teto de bruma ou éter a brilhar,
Eu coloco à vela;
De peito para frente e de pulmões inflados
Qual se fosse uma tela,
Vou das ondas galgando o dorso encapelado
Que a noite me vela;
Em mim sinto vibrar todas essas paixões
De nau em cataclismo
O bom vento, a borrasca e suas convulsões
Sobre o imenso abismo
Me embalam. Outras vezes, calmo, grande espelho
Do meu desespero!
A MORTE DOS AMANTES
Teremos leitos plenos de essências ligeiras,
Divãs assim profundos como mausoléus,
E flores muito estranhas sob prateleiras,
Pra nós desabrochadas sob mais lindos céus.
Pondo em uso à porfia as chamas derradeiras,
Os nossos corações serão dois fogaréus
Que irão reverberar suas luzes sem véus
Em nossas duas almas, imagens parceiras.
Numa noite de rosa e de azul transcendente,
Trocaremos lampejo único e ardente,
Como um longo soluço pejado de adeus;
E então, mais tarde, um Anjo entreabrindo as portas
Irá reanimar, fiel e sorridente,
Os espelhos opacos e as chamas já mortas.
A ASSOMBRAÇÃO
Como os anjos de rude olhar
À tua alcova vou voltar
E junto a ti irei chegando
Pelas sombras da noite entrando;
E te darei, morena amada,
Beijos com a lua gelada,
E mil carinhos de serpente,
Em torno da fossa rampante.
Quando a manhã vier brilhar,
Acharás vago o meu lugar,
E até a noite sem calor.
Como outros por meiga atitude,
Sobre a tua vida e juventude,
Quero eu reinar pelo pavor.
A MÚSICA
A música, por vezes, me abraça qual mar
Rumo a branca estrela,
Sob um teto de bruma ou éter a brilhar,
Eu coloco à vela;
De peito para frente e de pulmões inflados
Qual se fosse uma tela,
Vou das ondas galgando o dorso encapelado
Que a noite me vela;
Em mim sinto vibrar todas essas paixões
De nau em cataclismo
O bom vento, a borrasca e suas convulsões
Sobre o imenso abismo
Me embalam. Outras vezes, calmo, grande espelho
Do meu desespero!
A MORTE DOS AMANTES
Teremos leitos plenos de essências ligeiras,
Divãs assim profundos como mausoléus,
E flores muito estranhas sob prateleiras,
Pra nós desabrochadas sob mais lindos céus.
Pondo em uso à porfia as chamas derradeiras,
Os nossos corações serão dois fogaréus
Que irão reverberar suas luzes sem véus
Em nossas duas almas, imagens parceiras.
Numa noite de rosa e de azul transcendente,
Trocaremos lampejo único e ardente,
Como um longo soluço pejado de adeus;
E então, mais tarde, um Anjo entreabrindo as portas
Irá reanimar, fiel e sorridente,
Os espelhos opacos e as chamas já mortas.
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