Remy tem muitos motivos para não
acreditar no amor. Sua mãe está caminhando para o quinto casamento e ela
presenciou o fracasso de cada um deles. Além disso, seu pai, o primeiro deles,
era um músico que sumiu na estrada, deixando para ela apenas uma canção como
lembrança. Cética, prática e fria com seus relacionamentos, Remy coleciona
casos amorosos que renderam nada mais do que histórias para contar, ou nem
isso.
Depois de ter surpreendido seus
colegas e professores e ter se destacado com notas super altas e muita
preparação, ela foi aceita em uma das melhores faculdades do país, está prestes
a partir e finalmente deixar para trás a vida em casa com a convivência da
inconstância da mãe e a presença de consecutivos padrastos.
Contudo, Remy acaba sendo
conquistada de forma bastante improvável por Dexter, o vocalista de uma banda
de rock que está passando pela cidade. Dexter é praticamente a junção de tudo que
Remy não curte num cara – magro, desengonçado, desorganizado, e claro, músico.
Acontece que o amor, muitas vezes nos pega mesmo quando vários dos nossos
referenciais são colocados a prova. Isso me faz lembrar um trecho de um texto
que li outro dia “Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e
é fã de Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério,
pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca”
- Eu acho que é preciso se proteger – eu disse- Não dá pra simplesmente se entregar.
- Medo de quê? - perguntei.-De arriscar – ela disse. – De soltar e ceder, e é isso que nos transforma no que somos. Riscos. Isso é viver, Remy. Ficar com tanto medo a ponto de nem tentar é um desperdício. Posso dizer que cometi muitos erros, mas não me arrependo de nada. Porque pelo menos não passei a vida toda à margem, imaginando como seria viver.- Não – ela disse com seriedade – Não dá. Mas afastar as pessoas e negar o amor não te torna mais forte. Na verdade, te deixa mais fraca. Porque você está agindo por medo.
Fiquei ali, sem saber o que dizer em seguida. Percebi que sentia pena da minha mãe sem motivo. Todos aqueles anos em que me compadeci dela e de todos os seus casamentos, enxergando o fato de continuar tentando como uma grande fraqueza, sem entender que, para ela, era exatamente o oposto. Pela sua lógica, eu terminar com Dexter me transformava em uma pessoa mais fraca que ele, e não mais forte. “
Ao ler essa resenha você pode ter
a falsa impressão de que a história é mais um clichê. Mas não é. Remy, sua mãe,
seu irmão, suas amigas, seu padrasto, Dexter...todos eles são seres humanos
complexos, com dúvidas, que cometem erros e acertos, que se sentem inseguros e
que estão tentando descobrir seu lugar no mundo.
“Uma canção de ninar” é uma história
de personagens reais, em um mundo que não é cor de rosa e onde o amor é algo
complexo e possui diferentes formas.
*Este livro é uma cortesia da Editora Companhia das Letras
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