Rose chegou a Londres em setembro de 1943, após fugir de sua casa em Durham levando na mala o casaco de peles da mãe e dois vestidos da irmã. Desde a estação de trem, a garota de apenas dezessete anos só via soldados por toda parte, já que era época da Segunda Guerra Mundial. Após abordar dois deles, conseguiu convencê-los a ajudá-la a entrar no Rainbow Corner, o mais famoso salão de dança daquele tempo, para onde os soldados iam encontrar alívio em seus momentos de folga. Fazer parte daquilo era o maior sonho da vida de Rose e, desde aquele dia, o Rainbow Corner se tornou o point onde ela ia todos os dias após o trabalho, para dançar até os pés doerem e comer donuts tomando coca-cola. Não demorou para que ela fizesse amizade com Sylvia, Phyllis e Maggie, com quem passou a dividir um apartamento.
“Rose havia sonhado com aquele momento por tanto tempo, mas naquela hora estava preocupada com as provocações daquele homem detestável, depois em passar espremida por um grupo barulhento de soldados americanos que saíam, e então, de repente, lá estava ela...
Ela tinha deixado aquele mundo monótono e sem graça para trás – toda aquela história de se contentar com o que tinha e guardar as coisas para uma ocasião melhor que nunca chegava. Ela mentira, roubara, fugira e abordara homens estranhos para passar por uma porta e ir para o paraíso na Terra. Rainbow Corner.”
Não era fácil viver com o racionamento e com as notícias de bombas sendo lançadas a todo momento, mas o deslumbramento de Rose por sua nova vida proporcionou a ela bons momentos. Mesmo sabendo que não deveria se apaixonar, pois sempre ouvia que não podia se apegar a nenhum soldado, já que a maioria morria na guerra, a garota não conseguiu evitar ter seu coração roubado por um piloto que a apresentou sensações que nunca havia sentido. Rose viveu intensamente, esperando ansiosamente que a guerra finalmente acabasse.
Nos tempos atuais, Jane entra em um bar em Las Vegas, vestida de noiva e com uma mala. Senta-se ao lado de Leo, que imediatamente percebe que é uma das mulheres mais bonitas que já viu na vida. Os dois começam a conversar e ela explica que acabou de terminar o noivado e que havia prometido a ela mesma que se casaria antes de completar vinte e sete anos, o que acontecerá no dia seguinte. Leo se oferece então para ser o noivo e não demora para que os dois partam para um cartório em busca de uma autorização para o casamento e uma capela para a cerimônia.
“ – Você não tem que se casar comigo – disse Leo, e conseguiu mais uma vez sua atenção. – Mas vamos beber, conversar um pouco e ver o que a gente acha disso daqui a mais ou menos uma hora. Combinado?
Ela pegou o copo e abriu outro daqueles sorrisos que faziam Leo querer encontrar uma poça para jogar sua jaqueta por cima para que ela passasse.
- Combinado.”
E então, como o destino se encarrega dos encontros inesperados da vida, um dia Jane e Rose se conhecem. Rose já passou dos oitenta anos e tem uma personalidade que desconserta Jane. Apesar disso, a jovem decide ficar por perto, por uma série de motivos. O relacionamento que as duas mulheres constroem a partir de então ensina grandes lições a ambas, que precisam aprender a abrir mão, perdoar e entender que a vida tem propósitos que estão fora de seu próprio controle.
“- Muito bem, desculpas aceitas – disse Rose, assentindo para Jane, como se ela estivesse dispensada.
Jane sentiu o impulso de se afastar devagar, sem desviar o olhar daqueles frios olhos azuis até Rose lhe dar permissão para isso. Em vez disso, permaneceu onde estava.
- Você ainda está chateada comigo, não é? – Era óbvio que Rose estava.”
O romance de Sarra Manning me prendeu desde suas primeiras linhas. A narrativa é muito bem estruturada e o fato de ter capítulos intercalados ora contando a história de Rose em 1943, ora a de Jane nos dias atuais faz com que a gente se envolva com as personagens e queira saber um pouco mais sobre as duas histórias sem largar o livro. Mas em momento algum somos iludidos com personagens perfeitos, com vidas perfeitas, pelo contrário, a autora coloca em cada um deles características que fazem com o que leitor enxergue pessoas “reais”, com problemas e dificuldades possíveis.
Narrado em terceira pessoa, Depois da última dança traz uma carga de drama – que não podia deixar de ter, especialmente por parte se passar na época da Guerra –, mas também diverte e faz suspirar. Percebemos ao longo da leitura que Rose, Jane e Leo também escondem segredos e alguns deles são realmente desagradáveis.
Esse foi meu primeiro contato com a escrita de Manning e só posso dizer que certamente o recomendarei para quem procura uma boa leitura.
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