Brasil, 1973, auge da Ditadura militar. Gilberto Polatti –
Giges para uns, Giba para outros – tem dezesseis anos e vive em São Paulo como
um típico adolescente: diariamente encontra seus amigos do prédio para jogar
futebol de botão, ouvir música e tentar uma aproximação com Leila, a vizinha
por quem é apaixonado.
Seu pai, já com 75 anos, está internado em um hospital
próximo de casa e a mãe quase não sai de lá, apenas revezando de vez em quando
com Giba, que fica de acompanhante do homem doente. Nesses dias, ele conversa
com o pai, mesmo enquanto este dorme e escreve relatórios de todos os
acontecimentos e pensamentos que tem durante o tempo que está com aquele que
sempre foi seu melhor conselheiro e incentivador.
“O que eu tinha feito nas últimas horas? Nada. Tinha acordado quase às duas da tarde. Tinha me entediado na companhia dos amigos. O Lucas, coitado, sem querer, me encheu com aquele carnaval de “Fala, Giges! Fala, Giges!”. A Leila só quis saber de ler, além de dar bola para o Figura. Ou não ficou dando bola para ele? E ainda por cima eu tinha que ir para o hospital!”
Até que um dia Giba se vê responsável por um acidente, sem
que ninguém além dele mesmo saiba de sua culpa. Sua consciência grita para que
ele seja honesto e diga a verdade, especialmente porque Figura, um de seus
grandes amigos, é o principal suspeito, mas o medo e a vergonha guerreiam com
seu senso de justiça.
Sem querer, ele também fica sabendo de casos de estudantes
supostamente mortos por militares, o que faz com que Giba acabe se interessando
por política.As circunstâncias conspiram para que o jovem garoto
amadureça e enxergue coisas que antes lhe passavam despercebidas.
Com reflexões sobre “The dark side of the moon”, disco do Pink
Floyd lançado naquela época, o young adult nacional é o primeiro livro de
ficção de Oscar Pilagallo, jornalista com outras obras publicadas e vencedor de
um prêmio Jabuti.
Apesar de bem escrito e com uma pegada bem diferente dos
outros YA que já li, o livro não me cativou totalmente e, mesmo tendo apenas
164 páginas, foi uma leitura demorada para mim. Achei alguns trechos bem
cansativos e monótonos, além de sentir falta de melhores explicações para
alguns fatos, que em minha opinião acabaram sendo tratados apenas superficialmente.
“Eu estava no salão e não estava. Talvez ainda não estivesse
bem acordado. Talvez pensasse no meu pai. Ele estaria acordado? Iria acordar um
dia? Ou talvez fosse o Pink Floyd ainda repercutindo na minha cabeça. The lunatic is in my head... Meu inglês
não era lá essas coisas, mas essa parte da letra do Roger Waters dava para
entender. “O lunático está na minha cabeça.” Eles cantavam para mim. Não gostava
quando minha mãe me chamava de lunático. Mas o Pink Floyd não soava como
crítica. Eles cantavam num tom, sei lá, solidário.”
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