A Guerra dos Mundos
Companhia das Letras
A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells
03:39Universo dos Leitores
A Guerra dos Mundos pode parecer a príncípio só mais um entre tantos livros sobre invasões alienígenas, mas não se engane: antes de qualquer coisa este é um livro sobre humanos, suas relações com outros seres e suas reações diante do caos.
H. G. Wells, o autor, é conhecido por seus clássicos de ficção científica como A Ilha do Doutor Moureau (1896), O Homem Invisível (1897) e, claro, A Guerra dos Mundos que foi publicado em 1898.
H. G. Wells, o autor, é conhecido por seus clássicos de ficção científica como A Ilha do Doutor Moureau (1896), O Homem Invisível (1897) e, claro, A Guerra dos Mundos que foi publicado em 1898.
O autor inglês foi um dos primeiros a escrever sobre o que em sua época era inimaginável, pelo menos para a maioria das pessoas: viagens no tempo, invasões alienígenas, interação entre diferentes civilizações, seres mais evoluídos que humanos, dentre outras coisas tão comuns pra quem está acostumado com literatura de sci-fi.
Imagine o quanto isto foi inovador, considerando que não existia ainda um grande aparato tecnológico, corridas espaciais ou tantas evidências científicas como as que temos hoje para validar a vastidão do nosso universo? Isto mostra o quanto Wells foi importante para a literatura de ficção científica e também o quanto ele conseguiu prever em relação às descobertas atuais mesmo com a ciência ainda tão limitada.
A história revela uma invasão marciana em uma pacífica Inglaterra, com habitantes ocupados demais em seus triviais afazeres para se preocuparem com uma cápsula vinda dos céus. A princípio, a população não se incomodou e até achou que a cápsula alienígena não passava de um meteoro, mas ao longo da história os marcianos saem de suas cápsulas e mostram que são muito mais ameaçadores do que qualquer terráqueo poderia imaginar. A narrativa é conduzida por um jornalista que observa e descreve a invasão com riqueza de detalhes, alimentado ora pelo medo, ora pela curiosidade inerente aos humanos e especialmente aos jornalistas.
Imagine o quanto isto foi inovador, considerando que não existia ainda um grande aparato tecnológico, corridas espaciais ou tantas evidências científicas como as que temos hoje para validar a vastidão do nosso universo? Isto mostra o quanto Wells foi importante para a literatura de ficção científica e também o quanto ele conseguiu prever em relação às descobertas atuais mesmo com a ciência ainda tão limitada.
A história revela uma invasão marciana em uma pacífica Inglaterra, com habitantes ocupados demais em seus triviais afazeres para se preocuparem com uma cápsula vinda dos céus. A princípio, a população não se incomodou e até achou que a cápsula alienígena não passava de um meteoro, mas ao longo da história os marcianos saem de suas cápsulas e mostram que são muito mais ameaçadores do que qualquer terráqueo poderia imaginar. A narrativa é conduzida por um jornalista que observa e descreve a invasão com riqueza de detalhes, alimentado ora pelo medo, ora pela curiosidade inerente aos humanos e especialmente aos jornalistas.
"Não sentia medo racional, mas um pânico aterrorizado, não só dos marcianos mas da escuridão e do silêncio ao meu redor. Tão extraordinário era o efeito desse medo sobre a minha virilidade que, enquanto corria, eu chorava silenciosamente como uma criança. Depois de ter virado, não ousei mais olhar para trás."
Quando os humanos percebem que se trata de uma invasão alienígena tentam estabelecer uma comunicação através de uma equipe de paz que é designada para se aproximar dos marcianos. A missão fracassa e os humanos por trás da bandeira branca são sumariamente dizimados de forma assustadora, através de um raio de calor que praticamente os desintegrou. Este é um momento muito importante na história já que é a partir daí que percebemos que as intenções dos marcianos não são nada amistosas.
Nosso narrador consegue levar a sua esposa para uma cidade longe da primeira cápsula (a primeira de muitas outras que chegam) e movido por uma curiosidade incontrolável retorna para sua cidade, onde está a primeira cápsula alienígena. Na medida em que os marcianos vão se movendo e atacando, o pânico toma conta da população em torno da cápsula, e é arrasada diante da força alienígena. Os alienígenas avançam para conquistar o planeta enquanto os humanos são massacrados como formigas. A sobrevivência se torna um bem ainda mais precioso nesse mundo caótico e só sobreviverá quem possuir sangue frio para conseguir se esconder do ataque marciano, além de proteger a própria sanidade.
Apesar de ter como premissa uma invasão marciana, H.G. Wells usa o ataque alienígena para mostrar o quanto somos humanos, e como reagimos diante do caos.
O primeiro e mais interessante personagem é nosso narrador, o jornalista que tem uma característica potencializada e que é um diferencial dos humanos em relação aos outros seres vivos que conhecemos: a curiosidade, a mesma curiosidade que nos leva a fazer grandes descobertas científicas e que aproxima perigosamente o jornalista da cápsula dos marcianos. A perspectiva do jornalista é muito interessante e sua luta por sobrevivência em alguns momentos é puramente instintiva: não vemos atos de heroísmo, ou de altruísmo; ele é apenas mais um homem tentando se manter vivo enquanto acompanha o comportamento dos alienígenas em uma oportunidade única. Ele tenta se alimentar, preservar sua sanidade mental se distraindo o máximo de tempo que possível.
No meio de toda essa catástrofe ele observa a população e descreve as reações dos humanos que seguem uma espécie de hierarquia: primeiro o desprezo; depois a descrença de que os alienígenas possam ser evolutivamente superiores a nós, humanos (com base na aparência descrita como repulsiva). Nada mais humano do que julgar a capacidade de espécie exclusivamente por sua aparência não é mesmo?
No momento da fuga em massa, ainda tivemos várias amostras de como somos materialistas, mesquinhos ou mesmo ignorantes em relação ao vasto mundo à nossa volta.
Este desinteresse é resultado da nossa arrogância enquanto seres humanos, e destaca um outro ponto interessante: a relação que temos com outros seres vivos, especialmente quando somos comparados a animais ou mesmo insetos. Isto é evidenciado em vários momentos da história, e prova que nossa prepotência pode ser muitas vezes nosso maior inimigo.
Assim, H.G. Wells provoca um verdadeiro apocalipse dentro da Inglaterra e nos leva a refletir sobre como reagiríamos diante de qualquer evento parecido.
Eu adorei a leitura, a linguagem, a narrativa e a edição da Suma de Letras, que caprichou no projeto gráfico, nos extras e especialmente nas ilustrações. Estas recriam o visual da história de forma impecável e proporcionam uma experiência mais interessante, já que conseguimos visualizar a invasão e os marcianos.
Se você quer ler um sci-fi incrível que discute nossa condição humana e nossa relação com o universo, não deixe de ler A Guerra dos Mundos.
*Este livro é uma cortesia da Suma de Letras
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