Arnaldo Branco Crítica

Vidas Secas, de Arnaldo Branco e Eloar Guazelli

00:00Universo dos Leitores

Escrito por Graciliano Ramos e publicado no ano de 1983, o livro Vidas Secas é um dos livros mais importantes da literatura brasileira e conta, com simplicidade e profundidade, a trajetória dos personagens Fabiano, Sinha Vitória, o menino mais novo, o menino mais velho, e a cachorra baleia. Juntos, eles andam sem destino pelo sertão e tentam encontrar maneiras de sobreviver à seca, à escassez de recursos, e às constantes e duras lutas pelo poder. 

No ano passado, a história ganhou uma versão em quadrinhos, que foi publicada pela Galera Record e conta com o roteiro de Arnaldo Branco e as ilustrações de Eloar Guazelli. A proposta da obra foi homenagear a obra original e recordar tempos difíceis que por vezes ficaram esquecidos.

O interessante da HQ é que ao recontar a história, ela nos possibilita não só uma nova visão da obra de Guimarães Rosa, como nos atenta para situações que passam despercebidas na leitura do texto original. O roteiro, apesar de deixar muitas passagens importantes de fora, o que é facilmente compreensível ante à inevitável limitação de páginas e à própria estruturação de uma história em quadrinhos, está tão amarrado e intenso, que até quem nunca leu a história original irá aproveitar a leitura e se emocionar, com os personagens que enfrentam com humildade e pureza diversas dificuldades e situações complicadas.
Ao longo da leitura é possível perceber claramente os traços de uma política excessivamente burocrática e agressiva, bem como de uma sociedade marcada pela escravidão e pela exploração, o que demonstra que o trabalho de adaptação consegue transmitir perfeitamente a mensagem que Guimarães Rosa quis passar ao escrever o texto original. 

Além do roteiro, as ilustrações de Guazelli merecem destaque, afinal, o ilustrador demonstra, por meio de tons pretos e vermelhos e traços aparentemente borrados, todos os sentimentos e toda a dor dos personagens, que não aparecem com rostos bem definidos, o que causa a sensação de que aquela história pode ser sobre qualquer um.

Sem dúvida um trabalho incrível e uma verdadeira obra de arte! Vale destacar que apesar de estar fazendo a resenha só agora, eu li essa HQ no ano passado, e ela fez parte da minha lista de melhores quadrinhos lidos em 2015. Indico com certeza! 



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