Beckett Cosac Naify

Textos Para Nada, de Samuel Beckett

00:00Universo dos Leitores

Eu não havia tido nenhum contato com Samuel Beckett mas o título interessante "Textos Para Nada" de cara chamou minha atenção e eu não resisti: esta foi uma das minhas últimas aquisições da Cosac Naify. 

O autor irlandês apresenta um narrador preso em um limbo, que pode representar um vazio cultural, criativo ou mesmo existencial. Por meio do monólogo angustiante só sabemos que o nosso narrador encontra-se atormentado pelo vazio que o cerca, pela falta de perspectivava, pelas dúvidas e pela desesperança.

“Para onde eu iria, se pudesse ir, o que seria, se pudesse ser, o que diria, se tivesse uma voz, quem é que fala assim, dizendo que sou eu?” 



O texto é um recorte desordenado das experiências do narrador, que dialoga sobre os experimentos realizados na trilogia de Beckett composta pelos livros Molloy, Malone Morre e O Inominável. O título "Textos Para Nada" refletem a despretensão do narrador, que preocupa-se mais em fazer perguntas do que propor respostas. O protagonista tenta sair do silêncio e busca identidade, respostas e sentidos. Conversando consigo mesmo ininterruptamente, ele contesta a razão da própria existência em diálogos angustiantes e relativiza a importância do ser humano. A intensidade dos sentimentos do autor ficam nítidos inúmeras passagens e percebemos que a inércia de sua condição o desespera.

Apesar de ter adorado a forma como Beckett constrói seu texto e de parar pra pensar em vários momentos ao longo da leitura, em certos momentos foi difícil continuar com o livro até o final, creio que pela linguagem angustiante do autor.

A forma como Beckett se expressa foi tão eficaz que me senti angustiada como o protagonista, e por vezes tive a sensação de "andar em círculos". O livro tem passagens incríveis e eu espero ler a trilogia completa para conhecer outros trabalhos do autor.
"Não sei, estou aqui, é só o que sei e que ainda não sou eu, é com is, está o que é preciso se virar. Não há carne em lugar nenhum, nem modo algum de morrer. Deixe tudo isso, querer deixar tudo isso sem saber o que isso quer dizer, tudo isso, está logo dito, logo feito, em vão, nada se mexeu, ninguém falou. Aqui, aqui nada acontecerá, aqui não haverá ninguém, tão cedo.




*Postado por Kellen Pavão

























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