Falar sobre uma das séries mais bem sucedidas de todos os tempos, com uma fanbase expressiva não é uma tarefa fácil, e mesmo tendo AMADO este livro demorei um pouco pra falar sobre ele.
Isto porque senti o peso da responsabilidade de falar de qualquer coisa ligada ao universo Star Trek, que até então era um tanto quanto desconhecido para mim. Para minha felicidade a Editora Aleph lançou recentemente o livro Star Trek-Portal do Tempo, que abre uma série de adaptações de uma das mais bem sucedidas sagas televisivas de todos os tempos, de forma didática e envolvente.
De cara, Portal do Tempo me conquista pelo prefácio incrível de Salvador Nogueira criador do site Trek Brasilis e apaixonado pela cultura Star Trek , o que justifica o fato do prefácio ser uma verdadeira declaração. Salvador Nogueira elaborou um prefácio à altura do livro criando um convite irresistível para conhecer a história.
Portal do Tempo é a adaptação dos episódios da série original "Cidade à beira da eternidade" e "Todos os nossos ontens", trazendo detalhes sobre o Guardião da Eternidade e sobre o romance entre Spock com Zarabeth, ponto chave para os acontecimentos desta história.
O livro mostra mais uma entre tantas missões dos tripulantes da Enterprise. Assim como ocorre no episódio, membros da Federação partiram no passado em uma expedição em direção ao planeta Sarpeidon. No intuito de alertar os nativos a respeito da extição do planeta (que se tornaria uma nova) os federados parte em uma missão para resgatar a população do planeta, mas se surpreendem ao encontrar o planeta desabitado. Os nativos de Sarpeidon utilizaram uma máquina chamada atavachron para viajar ao passado, salvando-se, e o mesmo ocorre com Kirk e Spock após sua chegada ao planeta. Enquanto Kirk é levado para uma era medieval de Sarpeidon, Spock retorna às suas origens mais primitivas, momento em que se ele se relaciona com Zarabeth.
“Acidentalmente, McCoy e eu fomos transportados para o passado, para a era glacial de Sarpeidon. Estávamos morrendo de frio, quando uma mulher apareceu e nos deu abrigo. Seu nome era Zarabeth. Ela fora exilada sozinha, no passado, pela ação de um inimigo. Ficou presa lá, por um processo especial de condicionamento. Fui... afetado pela viagem. Voltei ao que nossos ancestrais eram 5 mil anos atrás. Um bárbaro: eu comia carne. E gerei um filho com Zarabeth. Eu não sabia disso, até há alguns dias.”
De volta ao futuro, Spock encontra registros desse momento primitivo enquanto fazia algumas pesquisas arqueológicas, percebendo a existência uma criança na caverna onde morava com Zarabeth. Imediatamente o vulcano deduz que trata-se do seu filho, e seus princípios morais e éticos o obrigam a voltar ao passado para resgatá-lo através do Guardião da Eternidade, uma espécie de portal que permite viagens temporais.
"As lealdades de família ultrapassam até mesmo a lei planetária. Vulcano é virtualmente governado por uma oligarquia composta de diversas famílias notáveis. A minha é uma delas. E T'Pau não vai deixar um membro da família viver e morrer sozinho, longe de sua gente."
Spock encontra seu filho mas se surpreende com sua idade: Zar é um adulto e tem poucos anos de diferença em relação ao vulcano, o que dificulta ainda mais uma aproximação mais terna entre pai e filho. Zar é inteligente, dedicado e carinhoso, e o fato de ter vivido muitosw anos exilado faz dele um personagem bastante interessante. De certa forma ele é uma pessoa pura e sua constante necessidade de surpreender Spock traduzem-se em uma enorme fome de aprendizado acerca desse mundo novo que se abre para ele. Sua adaptação aos costumes se dá de forma rápida, mas sua relação com Spock é mais fria do que Zar esperava. Nem mesmo suas habilidades e seu carisma são suficientes para desequilibrar o controle de emoções do vulcano que mantém-se relativamente distante ,deixando seu filho frustrado com a ausência de carinho por parte do pai.
" - Devo presumir que não pensastes? Lembra-te Spock,. Teu filho é uma pessoa. Cada ser tem sua própria dignidade e vida. Concede a teu filho essa dignidade. Ele é assunto teu, mas não é tu mesmo. Lembra-te de nosso símbolo (...) -Dá valor às diferenças, bem como as semelhanças."A narrativa é bem construída, fluida e nos prende o tempo inteiro, seja pelo ritmo de aventura, pelos momentos engraçados ou mesmo pelos dramas vividos pelos personagens. Se em vários momentos somos seduzidos pelo senso de humor sutil dos personagens, em outros nos comovemos com a delicada relação entre Spock e seu filho Zar. Assim como acontece na série, Crispin problematiza questões éticas, morais e discute a importância de valores como a amizade e lealdade, sempre presente entre os membros da Federação, especialmente entre os protagonistas da história.
O universo Star Trek inúmeras coisas que admiramos: a curiosidade (inerente ao ser humano), a tecnologia usada com finalidades pacíficas, os valores morais e éticos, a diplomacia da Federação, a curiosidade alimentada pelas viagens exploratórias no espaço, e, claro, o enorme carisma dos personagens. A relação entre os personagens e sua forma de encarar o universo, valorizando cada ser vivo traduz-se em muitos momentos em uma utopia do mundo que gostaríamos de ver, e o que gostaríamos de nos tornar um dia: seres explorando o universo e buscando viver em paz, buscando sempre conviver amigavelmente com as mais diferentes formas de vida.
Recomendo muito a leitura de Star Trek- Portal do Tempo, um dos melhores livros que li este ano, sem sombra de dúvidas. Um ótimo começo para os curiosos e um show de nostalgia para os já apaixonados pelo universo Star Trek.
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