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Darkside Books
Entrevista com Mary E. Person, autora do livro The Kiss Of Deception da DarkSide Books
00:00Kellen PavãoUma das publicações mais aguardadas da DarkSide Books é o livro The Kiss Of Deception, uma fantasia young adult muito especial (sobre a qual falaremos esta semana). A DarkSide Books disponibilizou pra gente uma entrevista bem especial da autora, com perguntas de blogueiros brasileiros. Abaixo você confere a a entrevista completa e tem a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a escritora!
1) Quando você começou a escrever a história você já a tinha toda “desenhada” na cabeça ou a
história veio aos poucos? Conta esse processo para a gente!
Eu apresentei a trilogia Crônicas de Amor e Ódio à minha editora com base em 50 páginas
escritas e três sinopses simples. Eu digo “simples” porque eu não sou de fazer esboços muito
rígidos, e de fato a história mudou desde as três sinopses iniciais. Minha editora entendeu desde
o princípio que ela iria mudar – ela sabe o tipo de escritora que eu sou. E essa é a parte divertida
em escrever. Detalhes da trama que aparecem e que levam você para lugares inesperados. Havia
coisas sobre todos os personagens que eu descobri durante a escrita que me ajudaram a moldar
a trama. Eu não posso fornecer muitos detalhes porque isso iria estragar a descoberta para os
leitores, mas existem detalhes sobre o passado de Kaden que eu não sabia quando comecei a
escrever e que se tornaram plot twists importantes mais para frente – o mesmo aconteceu com
Rafe e Lia.
2) Eu gostaria muito de saber sobre as referências literárias e até históricas que a Mary E.
Pearson pode ter utilizado como fonte de inspiração para criar o universo e a história da Lia.
De um ponto de vista literário, preciso citar uma frase do autor Richard Peck: “Nós escrevemos
sob a luz de todas as histórias que já lemos”. Assim como uma vida de pessoas e interações ajuda
a moldar os personagens que criamos, livros fazem o mesmo com a maneira que escrevemos e
as histórias que escolhemos contar. Eu não posso escolher um livro específico que influenciou
diretamente The Kiss of Deception de uma maneira óbvia. Eu tenho certeza que até mesmo
minhas experiências de infância com Dr. Seuss tiveram efeito de algum modo: divirta-se com
palavras e imagine novos mundos!
De um ponto de vista histórico, eu criei o mundo da Lia olhando para nosso próprio mundo,
observando as coisas que reverenciamos, as coisas que odiamos, a busca por poder e os erros
que cometemos repetidamente. É absolutamente verdade, a história se repete. Às vezes ela
parece circular em vez de linear. Já que o mundo de Lia foi construído sobre as cinzas de um
mundo passado, muito da história deste mundo foi transmitida através de lendas contadas em
tempos de desespero e evoluiu com o passar do tempo, concebendo uma cultura totalmente
nova que não entendia completamente suas verdadeiras raízes. De decepções de personagens
a históricas, a decepção é abundante em muitos níveis neste livro.
3) Eu tenho vontade de perguntar para ela qual mundo de fantasia ela preferiria viver se tivesse
que escolher um (mas não vale ser o do livro dela ;)).
Ah, essa pergunta é tão difícil. Mundos fantásticos são tão intrigantes – mas podem ser bem
perigosos também -, embora o perigo seja uma parte da diversão se você está na companhia
dos personagens certos. Eu acho que viver no Condado, na Terra-Média, seria bem legal, e ser
vizinha do Bilbo para poder dividir um Segundo Café da Manhã. Eu sou bem baixinha, então
acho que eu me enturmaria entre os hobbits. Mas meu pé não é tão peludo. Por outro lado,
embora eu possa perder minha cabeça lá, eu sempre adorei insanidade exorbitante do País das
Maravilhas e poderia seguir Alice pela toca do coelho. Muitas aventuras para viver ali.
4) Cada leitora tem uma percepção sobre o que lê, mas o que você, como autora, gostaria que
as leitoras absorvessem dos livros?
Eu não quero que eles aprendam algo, por mais que espere que se identifiquem com algumas
questões. Espero que eles imaginem as mesmas coisas que eu, que encontrem uma parte deles
em alguns dos personagens, ou quem sabe em todos eles, que olhem ao redor de seus próprios
mundos e enxerguem o mundo de Lia também, que se encontrem numa jornada que vai fazer
com que eles continuem pensando e imaginando muito tempo depois de virar a última página.
Espero que eles sintam que estiveram numa aventura com amigos e prontos para começar
outra.
5) Morrighan é uma deusa de origem celta, esse nome tem muito destaque no livro, qual sua
conexão com crenças e histórias antigas?
Sim! Embora Morrighan – a garota e o reino – não tenha sido baseada na deusa Celta. Eu acho
que a maioria das lendas antigas é atemporal e que nós podemos encontrar suas mensagens
ressurgindo, geração após geração, em novas histórias.
6) é a sua "formação de escritora"? (cursos que fez, livros que inspiram, autores favoritos...)
Eu estudei arte na faculdade e recebi um BFA em ilustração, mas sempre fui uma leitora ávida,
o que eu acredito ser a melhor preparação para se tornar um escritor. Há um dizer que afirma
que você deve ler mil livros antes de escrever um, e eu acredito que isso seja verdade. Eu li,
estudei e escrevi muita poesia, o que acho que me deixou bem atenta à estrutura de frases e
escolha de palavras. Alguns dos livros que me inspiraram quando mais nova foram A Boa Terra,
de Pearl S. Buck, The Outsiders: Vidas Sem Rumo de S. E. Hinton, Pássaros Feridos, de Colleen
McCullough, A Caverna de Cristal, de Mary Stewart, O Sol É para Todos, de Harper Lee, O
Hobbit e O Senhor dos Anéis, por J. R. R. Tolkien, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, A Senhora
do Jogo, e Sydney Sheldon. Eu poderia continuar por horas. E não posso deixar de lado outras
formas de contar histórias, incluindo o antiquado boca a boca, quadrinhos, e é claro filmes, que
me ajudaram a desenvolver um amor de história. Quando eu era criança eu devorei o
programa Além da Imaginação (The Twilight Zone) como se fosse pipoca. Eu amava as histórias
cheias de reviravoltas e inesperadas que eram exibidas toda semana. Elas me fizeram olhar para
meu próprio mundo de novas maneiras.
5) O título The Kiss of Deception é muito intrigante, e me parece que tem uma importância
grande no arco da série. Como foi o processo pra escolha do título?
Criar o título foi um processo bem longo. Minha editora e eu fizemos um brainstorming com
vários títulos sabendo que a série seria uma trilogia, e queríamos algo que evocasse tanto o
mistério como o romance no livro e também algo que permitisse que os livros subsequentes
seguiriam um padrão similar. Não foi uma tarefa fácil! Nós não tivemos apenas que criar um
título, mas três – e dois eram para livros que ainda não haviam sido escritos! The Kiss of
Deception tem significado que encaixa no primeiro livro em vários níveis. A decepção foi tecida
na história entre os personagens e as histórias, e com o elemento romântico, pareceu o título
perfeito.
6) Por que você acha importante falar sobre empoderamento feminino na literatura?
Todos nós conhecemos mulheres poderosas, capazes, fortes e inteligentes. Elas são mulheres
reais em nossas vidas. É apenas certo e natural que encontremos as histórias delas entre as
páginas dos livros. Mulheres não são coadjuvantes. Elas também são as heroínas do mundo.
7) Eu gostaria de saber da Mary em quais autores ela buscou inspiração pra criação do mundo
fantástico dela, e principalmente na criação da Lia, uma vez que ela é uma personagem tão
decidida, madura e inteligente.
A Lia evoluiu conforme eu fui escrevendo sobre ela e fui conhecendo-a melhor. Eu sabia que ela
seria uma jovem obstinada e determinada cuja força estaria em sua sagacidade e palavras. É
claro, às vezes duas palavras também a puseram em problemas, e isso está ok. Ela ainda teve
que dominar sua força. Eu também sabia que Lia seria empurrada para uma esquina e a vida em
que sua verdadeira força era valorizada e sua voz seriam silenciadas. Ela estava em perigo de
perder a si mesma, mas ela deve autoestima suficiente para não deixar isso acontecer e
prosseguiu buscando uma nova vida, feita por ela mesma. Eu amei acompanhar como Lia
cresceu e desenvolveu uma determinação feita de aço, mesmo que ela tenha sido colocada para
baixo diversas vezes. Mas ela sempre se reergueu. Eu gostaria de poder dizer que planejei tudo
isso desde o começo, mas eu permiti que Lia respirasse e crescesse e liderasse o caminho, e eu
tenho que admitir, às vezes ela me surpreendeu. Ela disse algumas coisas que realmente me
fizeram rir em voz alta. Eu não sinto que tudo isso veio da minha cabeça de forma alguma. Essa
é uma das coisas que eu amo sobre escrever – quando os personagens assumem o comando.
8) Se um fã quisesse fazer um roteiro de viagem inspirado em The Kiss of Deception, quais lugares
do mundo real não poderiam faltar?
Que ótima pergunta. E uma que pode levar a spoilers! Você é uma leitora perceptiva. Primeiro,
eu diria, venha para a Califórnia, onde eu vivo, e eu posso mostrar algumas vistas e daí... nós
vamos botar o pé na estrada, assim como Lia fez. Talvez Las Vegas seja nossa primeira parada...
9) O que você e a DarkSide Books têm em comum e o que você espera dos leitores brasileiros?
Tanto eu como a DarkSide amamos livros – e fantasia! Os leitores brasileiros já têm sido tão
incríveis e acolhedores! Eu não posso pedir nada além disso. Obrigada! Espero que mais leitores
descubram The Kiss of Deception e embarquem nessa jornada com a gente.
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