20 Frases e trechos marcantes do livro Ana de Amsterdam
Ana Cássia Rebelo
20 Frases e trechos marcantes do livro Ana de Amsterdam
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Recentemente falei sobre o livro Ana de Amsterdam, de Ana Cássia Rebelo. O livro é incrível e cheio de passagens marcantes que retratam os pensamentos e sentimentos de Ana, uma mulher comum com problemas triviais a inúmeras mulheres. Ana fala sobre amor, solidão, depressão, sexo, sua relação com o corpo e com os homens, sua tristeza e sobre a vida de forma geral, de forma crua e direta.
Para destacar estas passagens, separei meus trechos favoritos para o post de hoje, que você confere a seguir:
"É este o meu corpo. Ás vezes tenho vontade de o abandonar para sempre."
"Nunca poupei meus filhos ao meu sofrimento. Partilho com eles, para horror de muitos, a solidão e a angústia. "
"É hoje a consulta com o novo psiquiatra. Embirro com psiquiatras, psicólogos e afins. Vai ouvir-me falar durante meia dúzia de minutos. Vou ter de resumir a minha tristeza e solidão em frases contidas, curtas e concisas."
"A vagina está fora e dentro do corpo humano. Tem uma natureza híbrida. Revela o que está oculto e quer se manter oculto. Voltei a fechar as pernas. Olhei-me no espelho. Espreitei os miúdos, a dormir sossegados. Calei o Joe Dasin. Fui fumar perto do aquário."
"Não sei o que fazer com a tristeza quando ela toma conta de mim. Não a convido. Não sei porque vem, derramando tentáculos de dor. Sinto-a fisicamente, como se fosse um bicho, um parasita. Petrifica-me."
"Sei, com precisão, onde, no meu corpo, se aloja a tristeza."
"Herdei da minha mãe o feminino deslumbre pelas jarras com arranjos barrocos, pelas plantas que crescem em vasos, pelos arbustos com cheiro de infância, pelas estufas, pelas floreiras com gerânios descarnados nas varandas, pelas árvores, pelos jardins, pelas mãos enterradas na terra."
"Porque quem me quer nada exige de mim. Não tenho de demonstrar interesse. Só tenho de estar ali. Disponível. Passo a ser um corpo que se consome por hábito. Quando as horas tardias são assim, mansas, consigo sair do meu corpo e ver-me. Vejo-me. Tenho quase sempre os olhos enxutos."
"Não gosto da imagem que o espelho me devolve."
" A idade aburguesou-me. Gosto de comprar livros, ainda que mais caros, em livrarias (apesar de Lisboa ser uma cidade de poucas e más livrarias).
" A verdade é que continuo a ter medo do vento."
"São patéticas as revistas de culinárias de hoje e os nomes sofisticados que utilizam. Queijo de cabra acamado em plataforma caramelizada de figos secos com espargos selvagens salteados. Trilogia de três chocolates com nougat de nozes e xarope de hortelã. Tudo tão pedante, tão insuportavelmente pedante."
"Pesa-me a rotina dos dias iguais. É como se todos os dias da minha vida tivesse sido produzidos em massa."
"Ter sucesso na cama é requisito essencial para se ser moderna, desempoeirada, bem sucedida. As mulheres falam de sexo como falam dos filhos, dos jantares de degustação em restaurantes da moda e das viagens que fazem às ilhas gregas."
"À noite, o mundo reduzia-se aos seus sons, e na sua penumbra só eu existia. "
"Não posso viver sem o desejo. Encaro o prazer, pelo contrário, como coisa menor, um arrepio que chega, mata, desilude, rapidamente se esquece. O desejo é literário, o prazer, simplesmente pornográfico. É uma teoria que me convém."
"À noite, o mundo reduzia-se aos seus sons, e na sua penumbra só eu existia. "
"Não posso viver sem o desejo. Encaro o prazer, pelo contrário, como coisa menor, um arrepio que chega, mata, desilude, rapidamente se esquece. O desejo é literário, o prazer, simplesmente pornográfico. É uma teoria que me convém."
"Quero morrer porque não sei viver. Vivo com desfaçatez e sofrimento. Passo os dias a calar gritos. Passo os dias a engolir as lágrimas. Já nem lhes sinto o gosto a sal. Não sei donde me vem esta solidão e este desespero. Estou cansada. Tenho direito a cansaço, não acha?"
"Amo meus filhos. Com fúria, certo desespero. Quero-lhes bem. Mas não me basta o que têm para me oferecer."
"Tinha, porém, admiração por toda gente que lia poesia. Também por quem ia ao teatro e a consertos de música clássica. Só gente de muita classe frequentava esses círculos de elegância e snobismo cultural aos quais não pertencia mas que olhava com veneração."
"Nunca há falta de desejo. Não há cansaço. Não há frustração. Não há obrigação. Nem humilhação. No sexo, como em tudo, as mulheres que aguentem."
*Postado por Kellen Pavão
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