Cecília Meirelles tem o dom paradigmático de transmitir com suavidade versos profundos e cheios de intensidade. Na coletânea Cânticos esta característica não apenas está presente, como pode ser encontrada em todo o livro.
Em Cânticos, a escritora e professora nascida no Rio demonstra com leveza e suavidade a busca pelo espiritual, seguida por um total desapego das e coisas do mundo material.
"Dize:
O vento do meu espírito soprou sobre a vida.
E tudo que era efêmero se desfez. E ficaste só tu, que és eterno ..."
Em uma ode à espiritualidade, Meireles dá às mãos à doutrina panteísta para refletir de forma profunda sobre a vida e a existência. Seus versos cheios de ritmo, harmonia e muita sensibilidade provocam uma deliciosa sensação de leveza e embutida com um forte potencial de reflexão.
"Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre a tua alma nas tuas mãos
E abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti Nem este último gesto!"
“Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.”
A coletânea tem poucas páginas e tanto pode ser lida em poucos minutos, quanto pode ser "degustada" lentamente como se fazem com os bons vinhos (e os bons livros).
Cada linha de Meireles traz em si a força e a delicadeza sempre presentes nos trabalhos da poetiza. Vale a pena conferir o resultado.
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