Escritora Maiesse Gramacho Maiesse Gramacho

Uma vida à la Woody Allen

20:42Universo dos Leitores

Costumo dizer que Deus, ocupado com assuntos mais importantes, designou ao cineasta Woody Allen a tarefa de roteirizar e dirigir minha vida. São tantos episódios surreais, que poderiam compor algum – ou alguns – de seus filmes.

Até pouco tempo atrás, eu mantinha uma lista. Tudo anotado, para não esquecer. Mas, de uns tempos para cá, tais momentos começaram a ficar tão frequentes que não tenho conseguido acompanhar o ritmo.

Ontem mesmo, tomando um inocente chope com uma de minhas melhores amigas, fomos abordadas por um sujeito com a pérola: “Esta é a mesa mais bonita do lugar. Aliás, isto não é uma mesa, é um jardim! Vocês não são mulheres, são flores!”

Ela, coitada, educada que é, agradeceu; já eu caí na gargalhada. “Fora do mercado” há muito, não imaginava que o nível das cantadas estivesse tão... Simplório.


Recentemente, a situação foi ainda mais hilária. Estou com meu amigo (o escritor) Marcelo Araújo na portaria de um edifício, esperando o transporte do órgão onde trabalhamos. Daí nos aborda uma mendiga, pedindo um trocado.

Marcelo diz que está sem. Então, me olhando de cima a baixo, a mulher dispara: – Bom, nós podemos vender essa daí. Para os “Estadozunido”. Mulher bonita assim, eles vão querer comprar. E a gente ficaria rico, amigo! Rico!

Oi?! Como assim?! Vender-me aos EUA? Trocar-me por camelos? Peraí...!

Outro dia, a conversa sem pé nem cabeça aconteceu com um motorista de táxi. Não sou de dar confiança e, na ocasião, estava particularmente preocupada por estar atrasada para meu compromisso.

Do nada, o taxista: – Vem cá, o que é esse negócio de champignon? Todo mundo é “invocado” com esse tal de champignon. Eu não entendo, mas mandam colocar champignon em tudo!

Eu, sem entender bulhufas: – Cogumelo, moço. Champignon é cogumelo.

Ele: – Ah, aquele negocinho que parece um guarda-chuvinha?

Aliviada por ele não ter feito outra analogia, respondi: – Isso mesmo. Guarda-chuvinha.

Para não tornar este texto longo demais, termino com uma das histórias mais engraçadas ocorridas recentemente.

Ano passado, conheci um dos caras mais bacanas do universo. Ele desperta o melhor em mim; rimos um bocado juntos e temos compartilhado de alguns, senão de muitos, episódios woodyallenianos. Percebi, então, que não só a minha, mas a vida dele também tem a mãozinha do cineasta estadunidense.

Certo dia, em um círculo de conhecidos, ele debochou da forma com que uma de nossas colegas dirige. “Mal demais, corre, quase atropelou uma pessoa! Loucura, nunca senti tanto medo. Uma vez para nunca mais!”

Rimos todos. Nós, mulheres, estamos acostumadas a ser criticadas quando estamos no volante (embora as estatísticas comprovem que somos minoria em matéria de acidentes).

A ironia – tão típica de Allen – ocorreu um pouco mais tarde, naquele mesmo dia. Por um atraso na atividade que realizávamos, eu e ele perdemos o transporte que nos levaria a nosso destino.

Dou um doce ao leitor que adivinhar quem se tornou a nossa opção de carona...

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