Companhia das Letras Hamlet

Hamlet, de Willian Shakespeare

00:00Kellen Pavão



"Ser ou não ser, eis a questão". 

Certamente você já deve ter visto esta cena representada em um filme, animação, teatro, ou mesmo no próprio livro de Shakespeare. A frase, dita na terceira cena do primeiro ato da peça Hamlet é uma das mais famosas da literatura inglesa, e também da literatura mundial. 

Willian Shakespeare foi um poeta, dramaturgo e ator inglês que nasceu em 1564 e morreu em 1616. O dramaturgo deixou um vasto legado que inclui poemas, sonetos, peças até e versos esparsos que continuam encantando fãs de literatura mesmo séculos depois de sua morte. Hamlet, Macbeth e Rei Lear são alguns dos seus trabalhos mais famosos. Hamlet não foi meu primeiro contato com Shakespeare; já havia lido anteriormente Sonho de Uma Noite de Verão, Romeu e Julieta, Othelo e O Mercador de Veneza; e esta foi mais uma surpresa com o talentoso dramaturgo.  

Mas se você ainda não leu o livro deve estar curioso para saber do que trata um dos maiores dramas da história não é mesmo? Estamos falando de Hamlet, um príncipe dinamarquês ficou órfão de pai e que não aceita o casamento de sua mãe com seu tio, o mesmo que assume o trono, agora de direito. 

Esta união gera suspeitas e é posta em xeque por Hamlet, especialmente depois que o protagonista vê o fantasma do seu pai afirmar ter sido assassinado, clamando por vingança. O fantasma diz ainda que vagará dia e noite por entre chamas (uma clara alusão à imagem católica do purgatório), e que não descansará enquanto os pecados envolvidos em sua morte sejam extirpados da vida terrena.   


É bom lembrar que, segundo os dogmas católicos, o assassinato impede que haja o sacramento da extrema unção (o último sacramento), o que consequentemente impede confissão do morto e a remissão dos pecados cometidos em vida. Por fim o fantasma de seu pai acusa o tio de Hamlet de ter provocado a sua morte e pede a punição dos culpados. A própria visão do pai como um fantasma leva Hamlet a concluir que "há mais coisas entre o céu e a terra do que pode supor nossa filosofia". 

A aparição do pai deixa Hamlet extremamente melancólico e o impacto da revelação do pai desencadeia uma série de dramas e reflexões sobre a condição do homem no mundo. Sua aparente sobriedade e sensatez são abalados pela história sórdida protagonizada por seu tio.  O que interfere até mesmo no seu romance com Ophelia, seu grande amor. 

Diante da dúvida, Hamlet torna-se um exemplo da tênue linha entre loucura e insanidade, o que provoca à uma decisão ousada: ele decide se passar por louco e se junta a uma trupe de atores que acaba de chegar à sua cidade com o intuito de encenar a morte do pai, para avaliar a reação do rei. O plano dá certo e o seu tio acaba se escondendo no Castelo ao ver a reprodução do assassinato nos palcos, o estopim para a vingança arquitetada por Hamlet.

Não é a toa que esta é uma das peças mais cultuadas de Shakespeare: seu personagem questionador divaga durante toda a história sobre a existência humana, vida, morte e sobre a relatividade de nossas percepções. Sentimentos, dores, conflitos e dúvidas sobre os quais todo mundo já refletiu ao menos uma vez na vida. Um verdadeiro convite ao "pensar". 

Se você ainda não leu Shakespeare, dedique alguns minutinhos da sua semana pra esse livro maravilhoso (fácil de encontrar em qualquer biblioteca, livraria e disponível gratuitamente na internet). A leitura não é das mais fáceis  (seja pelo termos mais antigos, seja pelo formato de peça), mas valem cada minuto dedicado. 








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