Euforia, de Lily King, conta a trajetória de Nell, uma antropóloga que conquistou o sucesso após a publicação de um livro sobre as tribos da Nova Guiné, e que decidiu retornar ao local onde fez todas as pesquisas para realizar novas investigações e melhorar a sua tese.
Acompanhada pelo marido Fen, que também era antropólogo, mas que se sentia inferior à mulher em razão de todo o sucesso que ela fazia, Nell passou um ano pesquisando uma tribo com costumes totalmente diferentes e bem violentos. Mas se não bastassem todas as dificuldades enfrentadas no local, o relacionamento do casal também se enfraqueceu, já que Fen, machista e repleto de preconceitos, não conseguia lidar com o brilho e o destaque da esposa, e passou a esconder informações e a agir de forma mais fria com ela.
Acontece que quando Nell adoece, Fen acaba concordando em mudar para outra tribo onde ela poderia ter mais conforto, e lá eles conhecem Bankson, um jovem antropólogo que também está estudando a região. Uma forte amizade surge entre os três, contudo, a relação não é pacífica ou saudável: Fen, com sentimento de posse em relação a Nell, não consegue lidar com a proximidade que surge entre ela e Bankson, contudo, por ter rivalidades intelectuais com a esposa, ele prefere se manter próximo de Bankson para ter com quem conversar sobre as pesquisas.
Nesse clima de tensão e ansiedade, o livro conta a relação entre os antropólogos ao mesmo tempo em que descreve as pesquisas sobre as tribos, demonstrando as diferenças entre as línguas e as culturas, bem como a importância das pesquisas na área de antropologia.
Essa é uma história inteligente e bem ambientada, que nos transporta para um universo pouco conhecido e que mostra de forma intensa o quanto os relacionamentos pautados pelo ego podem ser complexos e perigosos.
A linguagem é leve e fluida, contudo, senti que os personagens foram desenvolvidos de forma superficial, com isso, não me senti envolvida com eles ou ansiosa pelos próximos acontecimentos.
Por fim, vale dizer que Euforia está na lista dos melhores livros do ano do The New York Times e recebeu o prêmio de melhor livro de ficção do ano do site Kirkus Review. Além disso, antes mesmo de ser indicado como um dos melhores do ano, o livro teve os direitos de adaptação vendidos para o cinema.
Curiosidade:
O livro foi inspirado na vida de Margaret Mead, uma antropóloga repleta de personalidade, que se tornou referência na área por ter sido a primeira a enxergar a antropologia como uma forma de compreender o comportamento humano. Segundo Margaret, a vida em sociedade e os diversos grupos culturais exerciam influência direta no comportamento humano e na formação do caráter e da personalidade de cada indivíduo.
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