Por meio do trabalho do jornalista Steve Turner, a obra pretende contar a história de cada canção dos The Beatles, sendo que no prefácio, Turner alerta que não pretende fazer um trabalho hermenêutico sobre as canções, muito menos descrever aspectos técnicos de cada música, mas sim tentar delinear inspirações, frases, incidentes ou outras histórias que possam ter levado à criação de cada composição. De quebra, o livro reúne ainda uma vasta coleção de fotografias do grupo inglês.

O exemplar inicia com um breve relato sobre a carreira da banda e as transformações que ocorreram entre 1960 e 1970, ano do término do grupo. A organização do livro segue a ordem cronológica dos trabalhos gravados, introduzindo os álbuns para, na sequência, contar sobre cada música.

Abrindo o livro me deparei com alguns fatos já conhecidos como os relatos de brigas e discussões envolvendo John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr e outras figuras que influenciaram a banda, como a esposa de Lennon, Yoko Ono. Também encontrei algumas informações sobre as viagens de turnê, a marcante estada na Índia, o envolvimento com drogas e as influências religiosas no grupo. Mas também pude verificar curiosidades sobre minhas músicas favoritas. 

Logo de cara abri na página 260, que fala sobre Blackbird, a canção de autoria atribuída a Lennon e Paul, e lançada no álbum The Beatles de 1968, tendo recebido diferentes versões sobre sua criação. Alguns dizem que Paul teria visto um melro-preto cantar, enquanto outros falam que ela foi sido inspirada nos conflitos raciais dos EUA. A madrasta de Paul afirma que a canção foi escrita para a mãe dela, Edie, mas Paul afirma que a inspiração veio da canção que ele havia aprendido na adolescência, a Bourrée de Bach em mi menor. O termo blackbird, nos conta o livro, era utilizado de forma pejorativa para se referir às pessoas de origem africana desde a época da escravidão americana, e foi apropriada na década de 1960 pela campanha de direitos humanos, transformando o termo em algo positivo.

Outra música que sempre me chamou a atenção foi Dear Prudence, do mesmo álbum e também escrita por Lennon e Paul. A música é sobre Prudence Farrow, que esteve com o quarteto no período do curso de meditação na Índia, com o guru Maharishi Mahesh Yogi. Prudence era fanática por meditação e havia entrado em um estado catatônico após ficar longos períodos de profunda meditação. Então, os The Beatles haviam tentado animar Prudence cantando para ela, fazendo-a voltar à normalidade.

Essas e outras histórias por trás de cada música dessa icônica banda estão contadas no livro, mas também preciso mencionar que um capítulo à parte é a excelente produção gráfica produzida pela Cosac Naif. Desde a tradução primorosa até cada detalhe, o livro impressiona o leitor. A numeração das páginas, por exemplo, é sombreada em duas cores: a primeira fase da banda que vai até p ano 1966, quando eles encerram as turnês pelo mundo, está em vermelho; já a segunda fase, que se caracteriza pelos trabalhos de estúdio, está em azul. O papel é tipo revista, as fotografias são coloridas e em preto e branco, e o estilo de costura e de lombada que permite uma leitura sem preocupação com possíveis danos ao livro. Tudo em conformidade com a marca de qualidade da editora.

E você, é fã dos The Beatles? Qual sua música preferida? Você conhece a história por trás dessa música? Fica a dica desse vasto livro, que consegue reunir fatos sobre todas as músicas dessa banda que marcou gerações e que continua fazendo fãs em todo mundo.