Zygmunt Bauman é um dos principais pensadores a estudar nosso tempo. Seus livros, sempre densos, porem bem explicativos, procuram desnudar a face real de nossa sociedade.
Em “O Mal-Estar da Pós-Modernidade”, publicado pela Editora Zahar ele demonstra as razões que podem fazer com que sintamos este mal-estar. O livro trata da Liberdade e de como ela acaba por ser uma forma de estratificação social, afinal só aqueles que podem usar seu livre-arbítrio são realmente livres e, parece, nem todos nascem para ser livres, embora toda nossa cultura seja voltada para plantar e regar o desejo de sermos livres. Ao longo de seus capítulos Bauman abarca vários ramos do conhecimento, como a arte, cultura, ficção, sexo e sexualidade e religião.
Nele o autor fala dos “turistas” (indivíduos que detém algum poder de escolha, que pertencem a uma classe ‘privilegiada’) e dos “vagabundos” (indivíduos alijados da sociedade de consumo e, por isto mesmo, vistos como parias que devem ser colocados fora do campo de contato com o restante ‘privilegiado’ da humanidade) que tem em comum o fato de não terem local fixo, uns (os turistas) escolhem onde vão e quando vão, outros (os vagabundos) não podem escolher onde ir e nem onde ficar.
O autor mostra que a tão desejada Liberdade é grandemente prejudicada pela dinâmica dos mercados, pois uma sociedade que não pode mais garantir um futuro mensurável, uma sociedade fluida, inconstante, não permite uma escolha segura, visto que não resistiria ao balançar das forças desta sociedade.
Percebe-se que o mal-estar vem desta falta de liberdade, mas o individuo mesmo abre mão de parte desta liberdade para garantir alguma segurança frente ao tempo e a outros homens (Alguém gritou Hobbes ai?).
Para Bauman o mercado assume o papel, que nós permitimos a ele assumir, de conduzir a ordem mundial, porém isto é uma aparente contradição, afinal ordem requer fixidez (de fixo) e o mercado não obedece a nenhuma ordem fixa, é móvel e não pertence a nenhum lugar especificamente.
Assim, ao tentar administrar a ordem o mercado acaba por gerar muitas desordens que nos levam a um sentimento de incerteza e desconfiança, a uma sensação de insegurança, a um mal-estar pós-moderno.
Ler Bauman sempre é bom, após a leitura nos sentimos donos de chaves que podem abrir uma prisão, mas percebemos que as portas são muito pesadas para podermos movê-las sozinhos. Desesperar-se é a pior opção. Juntar novos dados, firmar convicções e espalhar conhecimento permite juntar forças para usar as chaves e mover as portar. Podemos nos sentir como integrantes do mito da caverna de Platão, resta saber se preferimos ser aquele que saiu da caverna e viu o mundo real (assumindo todos os riscos disto) ou ser daqueles que não acreditaram na narrativa de seu patrício e o ameaçaram de morte. De que lado você está?
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