Casamentos arranjados. Alianças políticas. Interesse em assegurar a paz e a prosperidade dos impérios. Esses eram alguns dos motivos de muitos dos matrimônios realizados até o século XIX entre os membros da monarquia. Por causa disso, era “natural” que muitos dos monarcas tivessem amantes e cortesãs por quem eram apaixonados, as chamadas “favoritas”.
O livro Rainhas na sombra
traz vinte biografias de mulheres que fizeram parte da vida de famosos
monarcas, tanto como amantes quanto como amigas e conselheiras. A citação de Benjamin
Franklin que vem na capa resume o teor da maioria das histórias narradas na
obra: “Onde houver casamento sem amor, haverá amor sem casamento”.
A historiadora Maria Pilar Queralt del Hierro traz de forma
resumida e de fácil leitura a história de mulheres que não receberam os títulos
e reconhecimento que talvez mereciam, mas tiveram sua influência na vida e nas
decisões dos soberanos com quem se relacionaram.
“Impunha-se, porém, a discrição, e para que o romance não
passasse além dos muros do palácio construiu-se entre as residências de ambos
uma ponte de madeira que permitia ao jovem rei visitar sua amante ou ser
visitado por ela sem que fossem vistos. A mesma reserva o obrigou, pouco
depois, a desterrar para um convento castelhano o fruto daquela paixão secreta
e proibida.”
A primeira biografia é de Leonor Guzmán, nascida em 1310 e a
última é de Camilla Parker, de 1947, protagonista de um dos casos mais
conhecidos, por ser o mais recente.
Em algumas delas, o relacionamento extraconjugal dos
monarcas era mantido em total segredo, na medida do possível. Em outras, as
relações não oficiais acabavam sendo de conhecimento tanto da rainha quanto da
população.
“Se ficasse demonstrado que Catarina era estéril, o Papa
poderia muito bem anular seu matrimônio. Essa possibilidade não convinha a
nenhuma das mulheres do príncipe Henrique. À esposa, porque acarretaria a perda
do status de futura rainha; e à amante, porque a sucessora de Catarina poderia
não aceitar uma situação que lhe permitisse permanecer na corte ao lado do
amado. Assim, portanto, para ambas era melhor aliar-se. Entre esposa e amante
estabeleceu-se um pacto tácito que as fazia 'odiarem-se cordialmente'."
Em muitos casos, os relacionamentos com as cortesãs acabava
por prejudicar politicamente países inteiros. Além disso, muitos dos poderosos
homens não sabiam lidar com suas paixões e acabavam por perder a cabeça no
trato de suas amantes e herdeiros.
“(...) um ano depois de iniciar sua relação com o rei já
ocupava vinte quartos do apartamento real no primeiro andar, enquanto a rainha
dispunha somente de onze, no segundo pavimento. O rei não poupava nada para sua
favorita, que além de bela era loquaz, culta e de modos elegantes. (...) O rei
não lhe negava nada. Nem a ela nem aos sete filhos que nasceram da relação. Basta
dizer que um deles, por exemplo, já era coronel aos cinco anos de idade e que
todos, sem exceção, foram legitimados. Privilégios, domínios, dinheiro – tudo parecia
pouco para a ambiciosa amante do rei que via sistematicamente satisfeitos todos
os seus caprichos.”
Para quem se interessa por História e, principalmente, por
conhecer histórias que não são comumente contadas na escola quando estudamos
sobre o governo dos principais monarcas, o livro é completamente fascinante e
encantador. Não é uma leitura muito rápida se o leitor preferir se aprofundar
em cada caso e entender exatamente o contexto no qual cada história aconteceu,
mas os capítulos são curtos e a linguagem utilizada pela autora é bem didática
e de fácil compreensão. Uma leitura interessante e enriquecedora!
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