As transformações das invenções
Augusto Alvarenga
As transformações das invenções
00:00Universo dos Leitores
Você já passou por aquela fase onde conhece alguém, vocês se falam um pouquinho, trocam sorrisos daqui e dali e pronto, é o bastante para te fazer ficar suspirando? Aquela fase em que todas as músicas fazem sentido para você, os beijos nas novelas te levam para outro lugar e o mundo fica até mais bonito e colorido... É... Provavelmente você já passou por isso tudo.
Mas também, pode ter chegado à fase em que tudo pareceu dar errado e pouco depois, acabar. Muitas vezes, antes mesmo de vocês terem tido alguma coisa. Em outras vezes, as coisas parecem simplesmente complicadas e diferentes demais, incompatíveis.
Talvez você pare para pensar no que aconteceu, no motivo das falhas e de tamanha decepção. “Parecia que daria tão certo...”. Esse é um pensamento muito comum. Mas por que eu estou falando disso? Por que ficar apertando onde mais dói? Bom, talvez para encontrar o motivo da dor, e tentar minimizá-la numa próxima vez?
Foi pensando nisso que percebi algo em particular. Logo lá naquele início, pouco depois do primeiro encontro (ou talvez antes), quando você começa a pensar demais... Você acaba imaginando muito a pessoa. Você só trocou algumas palavras (e talvez alguns beijos), mas isso não é suficiente para conhecer alguém de verdade, é?! Por isso, é natural que nós acabemos idealizando a tal pessoa, e formamos toda uma personalidade na nossa cabeça que, querendo ou não, bate direitinho com a nossa. Só que a vida real não é assim.
A outra pessoa também é um indivíduo: com desejos, defeitos e manias próprias, bem como sua caixinha de surpresas e sua coleção de bizarrices. Você também tem, eu sei. Eu também. Todos temos. É natural. O problema é que, muitas vezes ao idealizarmos a pessoa, acabamos “esquecendo” de incluir de fora os defeitos... E embora talvez eles demorem a aparecer, eles existem. Acredite. Eles vão surgir mais cedo ou mais tarde. E é aí que as coisas podem dar errado.
Talvez você não estivesse preparado (a) para tudo o que aquela pessoa tinha a oferecer, em todos os sentidos, e talvez o mesmo tenha acontecido com ela. Afinal, lidar com defeitos na teoria parece bem fácil, mas na prática... Se ambas as partes não tiverem força e paciência, é comum que as coisas desmoronem. E é claro que, onde há mais apego, há mais dor.
O principal motivo que me faz escrever isso agora é ver duas amigas próximas sofrendo por relações amorosas... Elas parecem estar em um turbilhão de mágoa e saudade, por isso talvez não percebam isso. Mas algo que percebi e que me dói, é ver como elas anulam a personalidade própria: tudo de bom que têm a oferecer por que alguém não soube dar valor. Ou que soube, mas que de alguma forma, não encaixou direito.
Talvez essa “reflexão” traga um pouquinho de alívio, ou um ponto de vista diferente... Encaixar indivíduos é mais difícil do que os romances pregam.
E por falar em romance... Acreditem: eu também já me apaixonei pelo que inventei de alguém. E transformei esse alguém em livros. A pessoa vai, mas a inspiração fica. Mas isso já é assunto para outro texto...
Até a próxima!
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