A parede branca do meu quarto
Crítica
A parede branca do meu quarto, de Marina Oliveira
00:00Angélica Pina
Mariana Vilar está prestes a cursar o terceiro ano do Ensino
Médio no novo colégio. Ela tem um Q.I. acima da média e está certa de que terá
notas suficientes para entrar para a faculdade de Medicina em breve. A garota
está disposta a dedicar seu ano exclusivamente aos estudos e esquecer os
acontecimentos pelos quais passou recentemente. Por causa de um surto psicótico
que teve na última prova que fez, no ano anterior, para garantir sua entrada na
melhor universidade de Brasília, viu sua vida virar de cabeça para baixo: um
vídeo com milhões de visualizações no Youtube, piadinhas por todo lado, pessoas
a reconhecendo em todos os lugares, exposição na mídia e processos na Justiça.
“Os fiscais poderiam ter parado a prova e me retirado da
sala, ou chamado os bombeiros e até mesmo arranjado alguém para atirar um dardo
tranquilizante em mim. Mas não. Em vez disso, eles ficaram em estado de choque.
Paralisados, quer dizer. Alguns alunos, então, não querendo perder a
oportunidade, resolveram filmar toda a minha cena e colocar no Youtube na mesma
hora. Isso mesmo, Y-o-u-t-u-b-e. O resultado? Apenas um pouco mais de dois
milhões de visualizações no primeiro dia. Da última vez que chequei, o número
já ultrapassava a casa dos vinte, contando com comentários em várias línguas
esquisitas.”
Mariana sempre foi antissocial e nunca teve facilidade para
fazer amizades. Depois de ser conhecida como “lunática” e, ainda por cima, ter
se decepcionado com Ian, seu único amigo, está mais determinada a não deixar
que outras pessoas entrem em sua vida. Ela não esperava que, ao entrar para a
turma E do colégio Joana D’Arc, Lara, Maurício, Diego e alguns outros mudariam
suas convicções. Também não imaginava que poderia melhorar consideravelmente seu
relacionamento com Lucas, seu irmão mais novo, com sua mãe, uma professora de
História e seu pai, um médico que ela não via há aproximadamente sete anos.
“- O que é?
- Só verificando se é você mesma ou algum protótipo
alienígena.
- Que diabos você está insinuando?
- A Mariana verdadeira nunca se preocuparia com os outros.
Ela só pensa em estudar!”
A autora Marina Oliveira traz uma história bastante dinâmica
sobre as transformações que ocorrem na vida de sua protagonista no decorrer de
um ano. Mariana mostra-se um tanto arrogante e desagradável nos primeiros capítulos,
mas seu comportamento vai sendo justificado durante a narrativa e fica mais
fácil entender seu lado.
A parede branca do meu quarto traz uma série de
reflexões interessantes sobre situações que muitos adolescentes passam, seja através
da vida de Mari, seja através dos conselhos sábios de vó Fatinha, ou mesmo da
sabedoria de Lucas, o irmão mais novo fofo que consegue enxergar tudo com mais
clareza. Lara e Maurício também são ótimos personagens, muito bem construídos e com
personalidades que enriquecem bastante a história.
“Confesso que quando ela citou a palavra “amiga”, meus
ombros se contraíram. Não usava essa palavra desde Ian. Tá que, com ele, era no
masculino. Mais uma vez, um conflito interno se deu. Um lado meu estava
inseguro e com medo de se machucar novamente. Outro gritava de alegria “Sim,
Lara é minha amiga!”. Não estava fácil.”
O livro é a primeira obra da autora, que também é jornalista
e professora de Inglês, e será lançado no dia 21 de outubro em Brasília,
publicado pela Thesaurus Editora. Encontrei alguns erros de revisão, mas a
história é muito bem escrita, com uma linguagem fácil e bem jovem.
Não posso dizer que me identifiquei com a personagem Mariana, pois já passei da fase em que ela está vivendo, que é de decidir sua carreira, estudar para entrar para a faculdade, descobrir a importância das amizades e iniciar sua vida amorosa, mas tenho certeza de que muitos jovens irão se identificar totalmente com seus dilemas, dúvidas e incertezas. Certamente também irão rir e se emocionar com a trajetória de Mari e cada um dos outros personagens.
Não posso dizer que me identifiquei com a personagem Mariana, pois já passei da fase em que ela está vivendo, que é de decidir sua carreira, estudar para entrar para a faculdade, descobrir a importância das amizades e iniciar sua vida amorosa, mas tenho certeza de que muitos jovens irão se identificar totalmente com seus dilemas, dúvidas e incertezas. Certamente também irão rir e se emocionar com a trajetória de Mari e cada um dos outros personagens.
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