Sydney é uma adolescente que sempre se considerou invisível,
sempre em segundo plano, vendo seu irmão Peyton, três anos mais velho, ser o
centro das atenções. Ela o idolatrava, até que no Ensino Médio ele começou
a se envolver em problemas cada vez mais sérios, tendo que prestar contas à
Justiça. O jovem foi pego com drogas, invadindo residências e, por fim, enquanto
dirigia embriagado, atropelou um garoto de quinze anos que ficou paraplégico.
A prisão de Peyton altera toda a estrutura da família.
Sydney sente-se culpada e parece ser a única que só pensa no garoto
atropelado, enquanto os pais enxergam Peyton como uma vítima na história toda. Ela
decide sair da ótima escola particular onde estudou a vida inteira e mudar para
uma escola pública, onde ninguém conhece sua família e tudo que tinham passado
recentemente.
“Os vizinhos ou nos encaravam ou faziam questão de não nos
olhar; as conversas na piscina ou ao pé do mural de avisos da comunidade
paravam quando chegávamos perto o suficiente para escutar. Era como se
tivéssemos entrado numa casa dos espelhos e descoberto que deveríamos
permanecer lá. Eu era a irmã do delinquente da vizinhança, do cara que usava
drogas e bebia. Não importava que eu não tivesse feito nada disso. A vergonha,
como uma epidemia, contamina quem está por perto.”
Os dias da garota resumiam-se em estudar e assistir reality
shows quando estava em casa, completamente solitária. Até que, voltando da nova
escola, decide parar em uma pizzaria, onde conhece os filhos do dono do
estabelecimento, Layla e Mac.
Sydney e Layla rapidamente tornam-se grandes amigas, embora
as diferenças de suas condições financeiras e estilos de vida sejam gritantes.
Sydney consegue finalmente se abrir com alguém e divide com Layla seus
segredos, como se sente em relação ao irmão e aos pais. A nova amiga consegue
compreendê-la perfeitamente, pois sempre se sentiu à sombra dos irmãos, sendo a
caçula da família que tem Mac, o garoto inteligente e responsável e Rosie, uma
talentosa patinadora que precisou prestar contas à Justiça por envolver-se com
coisas ilegais, assim como o irmão de Sydney.
“Do outro lado do pátio, alguém riu. Duas garotas com
uniforme de hóquei na grama passaram por nós, uma no celular, a outra abrindo
um chiclete. Vidas felizes, normais, em que tudo acontecia de maneira feliz e
normal num mundo que podia ser tudo, menos
feliz e normal. Depois que se toma consciência disso, que passamos por algo que
torna isso claro como a água, não dá pra esquecer. Como um rosto. Ou um nome.
Não importa como você descobre essa verdade absoluta: uma vez que você a
aprende, ela nunca mais vai embora.”
Sydney passa a ter os novos amigos e a família de Layla como
um lugar de refúgio e uma válvula de escape. Sua mãe está completamente
obcecada em apoiar o irmão e o pai apenas segue o que ela decide.
O leitor facilmente sente empatia pela adolescente e
compreende como ela se sente, principalmente pelo fato de ela ser a narradora.
Enquanto lia, senti raiva das atitudes de seus pais, senti pena por ver Sydney
ser injustiçada e refleti sobre como tendemos a enxergar as situações por
apenas uma ótica, que nem sempre é a verdade absoluta dos fatos.
A autora construiu ótimos personagens, cada um com sua
peculiaridade bem definida e com clara importância no decorrer da história.
Dessen tratou temas delicados com leveza, inserindo cenas divertidas na
quantidade certa.
A profundidade dos relacionamentos retratados é bem tocante e
as mudanças e crescimento, principalmente da protagonista, são um ponto alto. Os
bons segredos é um típico Young adult, muito
bem escrito e traz uma ótima mensagem para os leitores.
A capa traz uma ilustração muito interessante e curiosa, que
só passa a fazer sentido mais ou menos na metade do livro.
Ah, importante destacar que, durante a leitura, certamente é
difícil controlar a vontade de comer pizza e batata frita! (Risos)
Nós, do Universo dos leitores, recebemos a prova antecipada
da obra, lançamento do selo Seguinte da Companhia das letras.
“Quando nos vemos diante da coisa mais assustadora, só
queremos voltar atrás, nos esconder no nosso lugar invisível. Mas não podemos.
É por isso que o importante não é apenas sermos vistos, mas ter alguém que nos
veja também.”
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