Quando a Kellen Pavão resenhou esse livro aqui no blog, ela o definiu como "intenso, visceral,criativo, agressivo, e de uma franqueza inquietante." E foi lendo a resenha dela que eu decidi que essa era uma leitura que eu precisava fazer.
Desde a primeira vez que eu assisti ao filme (nem lembro quando foi isso), eu me impressionei com a história. Acontece que por motivos que não sei dizer, eu acabei enrolando (e muito) para iniciar a leitura. Para a minha surpresa, mesmo a adaptação sendo muito fiel, o livro consegue surpreender. A leitura é ainda mais impactante, os diálogos e pensamentos do protagonistas conseguem ser mais complexos e intensos e o envolvimento com a história aconteceu logo na primeira página.
Como muitos já devem saber, "A primeira regra sobre o clube da luta é que você não fala sobre o clube da luta." E foi exatamente por cumprir a risca essa regra que o nosso protagonista, sem nome definido, passou tanto tempo seguindo as ordens de Tyler Durden, sem saber quem ele realmente era.
Tyler era um homem dominador, seguro de si, que entendia que a violência o livrava de todas as dores e revoltas. Para ele, não fazia sentido viver em uma sociedade capitalista, em que as pessoas são o que elas podem comprar e conseguem (quase) tudo se tiverem uma aparência boa. Revoltado e completamente perdido, ele fundou o Clube da Luta, um lugar onde as pessoas se encontravam para lutar entre si.
Todos os seus pensamentos e sentimentos de revolta se igualam com os do protagonista, um funcionário público frustrado, que passava suas noites em grupos de apoio, tentando ser o que ele não era apenas para fugir da sua realidade mesquinha e pacata.
Acontece que quando ele ingressou no clube, ele não imaginava as proporções que os encontros durante as madrugadas iriam tomar. De uma hora para a outra existiam Clubes da Luta em várias cidades e as equipes, além de encontrarem para brigar, começaram a organizar movimentos criminosos e que chocavam toda a sociedade. Tyler ficou famoso, era idolatrado por todos, respeitado até polícia.
"Adoro tudo a respeito de Tyler Durden, sua coragem e inteligência. Sua energia. Tyler é engraçado, charmoso, forte e independente, e os homens olham pra ele e esperam vê-lo no comando de seus mundos. Tyler é capaz e é livre, e eu não."
Foi nesse momento que o nosso protagonista percebeu que precisava compreender melhor o que passava na mente de Tyler. Ele concluiu que não podia apenas seguir as regras de um amigo que sumia sem dar satisfações e lhe contava apenas o que bem entendia. E é nesse momento que o livro revela a sua grande surpresa e demonstra toda a genialidade da história.
"Somos os filhos do meio da história, criados pela televisão para acreditar que algum dia seremos milionários, astros de filme ou da música, mas não seremos. E estamos entendendo isso agora."
Como eu já havia assistido ao filme, eu já sabia a resposta, mas como eu disse anteriormente, foi surpreendente mesmo assim! Chuck escreve de maneira leve e envolvente e nos conduz a um emaranhado de sentimentos e descobertas.
Os pensamentos do protagonista parecem que se confundem com os nossos e ele nos cativa mesmo sendo tão cruel, tão escroto e tão despido de valores. A revolta que ele sente diante de uma sociedade que não se impõe e aceita todas as imposições colocadas pelas grandes empresas e os grandes canais de imprensa são exatamente as mesmas que eu sinto e que provavelmente você também. A única diferença é que nós guardamos tudo isso enquanto ele, por um desequilíbrio ou uma angústia maior, resolveu externalizar.
Sem dúvida essa é uma leitura que vale a pena e que deixa muitas, muitas lições surpreendentes!
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