A Morte de Ivan Ilitch Caeto

A Morte de Ivan Ilitch em quadrinhos, por Caeto

00:00Universo dos Leitores

Assim que eu terminei de ler A Morte de Ivan Ilitch eu descobri essa adaptação em quadrinhos, que foi publicada pela Editora Peirópolis, para compor a coleção Clássicos em HQ. Elaborada por Caeto, que é artista plástico, ilustrador e quadrinista, a HQ conseguiu retratar a história do protagonista com a mesma força e intensidade existente na obra original, tornando-a ainda mais sombria e chocante por meio das ilustrações vivas e com traços fortes. 

 Como eu já disse quando fiz a resenha do livro, a história aborda os últimos dias de vida de Ivan Ilitch, um funcionário público bem sucedido, que durante toda a vida buscou se relacionar com pessoas que alimentavam o seu ego e vaidade. Acontece que depois que descobriu uma doença gravíssima, toda a sua rotina mudou e ele passou a refletir sobre a sua vida e os poucos momentos nos quais ele foi verdadeiramente feliz. Por meio das dolorosas reflexões ele conseguiu perceber a hipocrisia dos vínculos que cultivava e, até mesmo, dos seus médicos e familiares. 
Ler esse clássico da literatura em HQ foi uma experiência ímpar. Como o texto original ainda estava bem vivo na minha memória, fui relembrando os pontos mais importantes, observando o quanto do texto original foi preservado e pensando no quanto a morte era um tabu na época em que a história foi escrita. Um aspecto interessante a considerar foi o fato de que a adaptação conferiu certo dinamismo à história, permitindo um rápido envolvimento e uma percepção maior das ironias e dos cinismos das situações descritas.

 A revista ainda conta com um Prefácio da editora Renata Farhat Borges, que fala sobre a história e sobre a evolução da ideia de morte, e com um Posfácio de Caeto, que conta de forma resumida como foi o processo de adaptação da obra e quais os cuidados ele tomou durante o trabalho.
Para os fãs de HQ essa é sem dúvida uma excelente opção. Vale pela narrativa, pelas ilustrações maravilhosas em preto e branco e também pela edição caprichosa. 

 Na orelha tem uma observação interessante: "Ao abraçar o desafio de levar a história de Tolstói para outra mídia, Caeto conseguiu transformar uma trama complexa e quase metafísica em um espetáculo visual denso, que impressiona pelo contraste entre o preto e branco e pelo ritmo sufocante."
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