Crítica Editora Galera Record

Relato de um Náufrago, de Gabriel García Marquez

00:00Universo dos Leitores

No dia em que Luíz Alexandre Velasco procurou o jornal El Espectador para narrar a sua história, os funcionários não vislumbraram muita vantagem, pois que tudo o que ele tinha a dizer já estava estampado em todos os jornais do país, afinal, o Governo havia lhe transformado em um herói, o que lhe trouxe fama e muito dinheiro. 

No entanto, mesmo com algumas reservas iniciais, o diretor do jornal, seguindo seu instinto, designou o jornalista Gabriel García Marquez para ouvir aquele homem. Assim, em 20 sessões de 6 horas diárias, o homem contou ao jornalista tudo o que sofreu e enfrentou. A sua história, pela primeira vez narrada sem interferência dos membros do governo (na época, a Colômbia estava sob um regime militar, abusivo e repleto de censura), trouxe destaque ao jornal, que inicialmente precisou aumentar a tiragem. Porém, o sucesso refletiu de forma negativa: o jornal fechou, a história foi desmentida pelo Governo e Velasco perdeu a fama e o dinheiro.
Mas após toda essa introdução, vocês devem estar se perguntando qual a história contada por Velasco. Então vamos lá:

Em fevereiro de 1955, oito marinheiros de um destróier colombiano desapareceram no mar. Dos oito, apenas um sobreviveu: Luiz Alexandre Velasco. Após ter presenciado a morte dos seus companheiros, ele enfrentou dez dias no mar, passou fome, sede, se sentiu fraco e, por vezes, sentiu vontade de morrer, mas milagrosamente conseguiu chegar a uma ilha de pescadores situada no norte da Colômbia. 


“Era minha segunda noite no mar. Noite de fome, de sede e de desespero. Me senti abandonado, depois de me ter agarrado obstinadamente à esperança dos aviões”.

“Há um instante em que não se sente mais dor. A sensibilidade desaparece e a razão começa a se embotar até que se perde a noção de tempo e espaço.”

Quando ele foi encontrado, recebeu todo o apoio do Governo Colombiano, que para justificar seus atos, o transformou em um herói e informou a todos que havia acontecido uma tormenta e que tudo tinha sido um acidente. No entanto, quando decidiu contar a sua história para o jornal El Espctador, a verdadeira história veio à tona: o destróier sofreu problemas em razão do excesso de carga. E mais: a carga que transportavam era contrabandeada e entre os objetos estavam rádios, geladeiras, máquinas de lavar etc. 
Acontece que essa história foi toda desvendada no primeiro capítulo do livro, chamado de “A história dessa história”. Depois dele, a obra se dedica a narrar com sensibilidade, intensidade e riqueza de detalhes, os sentimentos de Velasco nos dias que passou sozinho no mar, o medo, a fome, a angústia, as dores e as incertezas que permeavam a sua mente. 


“Nessa manhã tinha decidido entre a vida e a morte. Escolhera a morte, e, entretanto, continuava vivo, com o pedaço de remo na mão, disposto a continuar lutando pela vida. A continuar lutando pela única coisa que já não me importava mais.”

Trata-se de um livro sobre a luta pela sobrevivência e sobre a importância de buscar a esperança em pequenos sinais colocados em nosso dia-a-dia. A narrativa fluida nos prende ao livro, nos sufoca e faz com que a leitura seja rápida e prazerosa. Sem dúvida um livro marcante e maravilhoso!

Gostou? Compre aqui: Saraiva ou Submarino.


You Might Also Like

0 comentários

Obrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...

Acompanhe nosso Twitter

Formulário de contato