O Abutre apresenta uma crítica árdua, intensa e verdadeira sobre a imprensa americana, mas acaba refletindo a realidade da imprensa como um todo, em qualquer lugar do mundo. O protagonista, Louis Bloom (Jake Gyllenhaal), é um rapaz solitário e introspectivo, mas extremante curioso, inteligente e perspicaz. Desempregado e em busca de uma forma de sobreviver, ele se depara, quando menos espera, com uma equipe de freelancers cobrindo um grave acidente. Impressionado com a atividade e vislumbrando naquilo uma forma de ganhar dinheiro, Louis compra uma câmera, estuda os códigos policiais e começa a passar o seus dias e noites em busca da tragédia perfeita.
Sem nenhum compromisso ético ou valor moral, ele recebe muito incentivo de Nina Romina (Rene Russo), editora chefe de um jornal de um canal pequeno, que quer manter o seu emprego a todo custo e , para isso, quer aumentar a audiência custe o que custar, doa a quem doer.
“Nossos telespectadores estão mais interessados em crimes urbanos, próximos dos bairros mais ricos. Temos preferências por aqueles com vítimas ricas e brancas, feridas por pobres, negros ou outras minorias” (Nina)
Com um tom ácido e um roteiro incrível, o filme apresenta personagens intensos, que conseguem demonstrar claramente o objetivo principal de grande parte dos jornais da atualidade: chocar, conquistar audiência com base no sofrimento e na desgraça alheia, vender, implantar opiniões e alterar a realidade dos fatos.
A intenção do roteirista não foi insinuar algo. Ele apontou sem nenhuma sutileza a realidade. Um filme genial, inteligente e que contou com a atuação impecável de Jake Gyllenhaal, que até te convence que aquele cara sem valores pré-estabelecidos e completamente vazio de sentimentos é real. Bom, talvez ele seja mesmo e esteja aí, diante de nós, todos os dias quando ligamos a TV.
O longa recebeu a indicação ao Oscar 2015 na categoria de melhor roteiro original.
0 comentários
Obrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...