Crítica Editora Aleph

"Eu, Robô", de Isaac Asimov

00:00Universo dos Leitores

"Eu, Robô", de Isaac Asimov, publicado no Brasil pela Editora Aleph, reúne nove contos que abordam a evolução dos robôs no tempo pelo ponto de vista de Susan Calvin, a psicóloga roboticista da U.S.Robots, que no ano de 2057, quando estava prestes a se aposentar, resolveu falar um pouco das suas experiências. 

Segundo a personagem, “Houve um tempo em que o homem enfrentou o universo sozinho e sem amigos. Agora ele tem criaturas para ajudá-lo; criaturas mais fortes que ele próprio, mais fiéis, mais úteis e totalmente devotadas a ele. A humanidade não está mais sozinha.”

Partindo da premissa da superioridade das máquinas, as suas histórias demonstram que enquanto os seres humanos são limitados, as máquinas evoluem continuamente e estão cada vez mais preparadas para pensar, agir e tomar os nossos lugares. 
Conhecemos um robô babá, um robô que lê pensamentos, um que decide questionar a superioridade do homem etc. Somos levados a um universo diferente do que estamos acostumados, um universo sem limites, sem barreiras, que se sustenta apenas em três pressupostos básicos, as três Leis da Robótica, quais sejam: 1ª) um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano venha a ser ferido; 2ª) um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a primeira lei; e 3ª) um robô deve proteger a sua existência desde que proteção não entre em conflito com a primeira ou a segunda lei.

“O Mestre criou os humanos primeiro como uma espécie inferior, feitos de modo mais fácil. Aos poucos, ele os trocou por robôs, a seguinte e mais elaborada etaoa, e enfim me criou para ocupar o lugar dos últimos humanos. De agora em diante, eu sirvo o Mestre.”
É interessante que mesmo sendo independentes, as histórias possuem uma seqüência lógica e coerente, apresentando diversas etapas da evolução das máquinas e também as dificuldades que os seres humanos possuem de compreendê-las e aceitá-las. A própria Susan Calvin, renomada psicóloga e referência no estudo dos robôs, algumas vezes demonstra instabilidade em relação a essas máquinas que ela afirma admirar mais do que admira os seres humanos. 

Esse é realmente um livro brilhante! Uma excelente porta de entrada para o universo da ficção-científica. Com uma linguagem simples e envolvente, Isaac Asimov consegue apresentar conceitos de física e nos colocar diante de muitas possibilidades e inúmeros questionamentos: quem somos, o que seremos quando a tecnologia dominar o mundo, até que ponto a evolução da ciência é positiva, até que ponto o ser humano é cruel etc. É preciso ler e refletir sobre nossas atitudes e nossos medos. A verdade por trás de cada conto é que diversas vezes os seres humanos sentem medo de evoluir, de sair do lugar, de lidar com o desconhecido. 
Sobre isso, o escritor reflete no capítulo “A história por trás dos romances dos robôs” e diz o seguinte: 

“No entanto, mesmo quando eu era jovem, não conseguia acreditar que, se o conhecimento oferecesse perigo, a solução seria a ignorância. Sempre me pareceu que a solução tinha de ser a sabedoria. Não se deveria deixar de olhar para o perigo; ao contrário, deveria-se aprender a lidar cautelosamente com ele.”
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