A história, que já havia sido publicada no Brasil pela HQM Editora, agora recebeu uma nova edição pela Editora Aleph, com tradução de Érico Assis e capa de Pedro Inoue. A edição está impecável e conta com "Extras" onde podemos conhecer as introduções à edição original, alguns posfácios e capas antigas, e também compreender um pouco do trabalho de Érico Assis, que falou sobre o processo de tradução.
A história começa quando um homem de meia idade resolve relembrar a sua infância e buscar, em sua memória, os fatos relacionados ao velho osteopata que teve que visitar diversas vezes após ter tido o braço machucado pelo pai. Acontece que o médico misterioso, cuja aparência ele não se lembra nitidamente, também era o médico do famoso mafioso Al Capone, o que deixava a sua mente intrigada e repleta de nebulosidades.
As memórias vão aparecendo aos poucos, de forma fragmentada e sem muita precisão. O próprio narrador deixa claro, a todo tempo, que não tem certeza sobre os acontecimentos e a fidelidade das memórias.
O que intriga é exatamente isso: não tem como saber se os fatos realmente aconteceram ou foram frutos da imaginação de um homem que teve a infância marcada por agressões e crueldades.
A linguagem é simples e direta, misturando ficção e realidade, leveza e dor. Um relato envolvente, cruel e impactante, e se torna ainda mais intenso diante da possibilidade do narrador ser o alter-ego do Neil Gaiman.
“Pensei nas outras criancinhas. Cabeças sangrando, uma massa disforme. Mas me senti bem. Me senti feliz”.
Nessa HQ, muito mais que o roteiro em si, merecem destaques as ilustrações que parecem saltar das páginas e conseguem impactar o leitor, causando uma nostalgia e uma melancolia em razão dos tons sóbrios e fortes, que se misturam com poucos detalhes em vermelho, que conferem elegância e intensidade à narrativa. Simplesmente impecável, magnÃfico.
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