As Cavernas de Aço Crítica

As Cavernas de Aço, de Isaac Asimov

16:55Universo dos Leitores

"1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.

2ª Lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.

3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis."


Partindo destas três leis da robótica, falarei hoje sobre o fantástico As Cavernas de Aço publicado pela editora Aleph e escrito por  Isaac Asimov- um dos mais cultuados escritores de ficção científica.

Em um misto de ficção científica e romance policial, Asimov fala da Terra em um futuro onde os humanos conquistaram a supremacia no universo e dominaram outros mundos, bem como seus habitantes. No entanto, a falta de prosperidade dos terráqueos frente ao desenvolvimento tecnológico de outros planetas fez com que a situação se invertesse, até que a Terra fosse dominada politicamente, belicamente e também territorialmente por alienígenas.

Nosso planeta se tornou uma colônia, com uma superpopulação amontoada em gigantescas construções verticais e submetida à extrema escassez de recursos. Como se não bastasse toda a rigidez da "terra-colônia", a população se viu "presa" no planeta sofrendo com a xenofobia que ela mesma um dia disseminou, submetida a fortes barreiras contra a entrada de terráqueos em outros mundos.



Neste cenário acontece o assassinato de Roj Nemennuh Sarton, um estudioso das estrelas que pesquisava uma forma de promover a convivência entre terráqueos e robôs. O assassinato é atribuído a grupos radicais, e o investigador Elijah Baley é convidado para solucionar o caso. Ao posso que missão pode trazer vários benefícios, impõe também um preço amargo  a Elijah: um robô foi designado para ser seu parceiro e ele terá que não apenas solucionar o caso, mas também lidar com sua rejeição aos robôs.

Minhas Impressões

Somos conduzidos à investigação que se desenvolve de forma instigante através da narrativa em terceira pessoa e da linguagem acessível de Asimov, que traz à tona conceitos da robótica de forma didática. O enredo um tanto quanto incomum (não é todo dia que temos um livro policial que investiga o conflito entre robôs alienígenas e terráqueos) ganha forma através dos personagens bem construídos, como o complexo Baley que enfrenta vários conflitos ao longo da história. 

Jogos Vorazes e  as previsões de Asimov

A premissa de Asimov fica clara desde o princípio da história: apesar de se tratar de um livro de investigação policial,  o  escritor nos convida a refletir sobre a sociedade através desta história. Assim, apesar do livro ter sido publicado em 1953, seu olhar consegue fazer em muitos momentos um panorama da nossa sociedade, já que podemos identificar os diversos questões debatidas atualmente: a escassez de recursos naturais, os limites dos avanços tecnológicos, o crescimento desordenado da população mundial, a aversão às diferenças e principalmente a falta de individualidade. E é mostrando um futuro distópico que Asimov nos leva a refletir sobre o presente, como normalmente acontece nos livros de ficção científica.

As restrições impostas aos terráqueos na história de Asimov me lembrou o livro A Esperança da Trilogia Jogos Vorazes, (especialmente no que tange ao Distrito 13) onde temos a relativização do indivíduo, um rígido sistema a  disciplinar e uma grande restrição de recursos, características encontradas no livro de Asimov. Curioso também observar o quanto esta realidade está perto de nós: em grandes metrópoles as moradias são cada vez mais verticais, os prédios mais altos e a vida mais corrida. Ver o céu ou o sol se tornou cada dia mais difícil para os moradores dessas grandes cidades, como ocorre também em As Cavernas de Aço. Em Beijing por exemplo a poluição chegou a ser tão grande que painés de LED são utilizados para a exibição do nascer do sol, reforçando as previsões do escritor.
Painel de led expondo o nascer do sol em Beijing, já que a poluição impede que o fenômeno seja visto.


O medo, os conflitos éticos, a evolução dos personagens (especialmente de Elijah) a reflexão sobre o  futuro são trabalhados de forma incrível em As Cavernas de Aço, consagrando esta grande história como um dos maiores clássicos da ficção científica. 

*Cortesia Editora Aleph

Ficha Técnica
Título: As Cavernas de Aço
Título original: The Caves of Steel
Autor(a): Isaac Asimov
Editora: Aleph
Tradução: Aline Storto Pereira
Edição: 2013 (1ª)
Ano da obra : 1953
Páginas: 302




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