Crítica Editora Zahar

Três Novelas Femininas, de Stefan Zweig

02:39Kellen Pavão

Uma belíssima coletânea de textos compõe o livro de Stefan Zweig Três Novelas Femininas, traduzido e publicado pela Editora Zahar. 















Primeira Novela: Medo 

A primeira história traz a história de Irene, uma jovem burguesa casada com um advogado vienense promissor. Irene, que se encontra despreocupadamente com um amante artista, vê sua vida virar do avesso quando é abordada de forma ríspida por uma mulher que a acusa de ter "roubado seu homem". A partir deste momento a desconhecida passa a chantageá-la, ameaçando a tranquilidade da pacata e tradicional vida burguesa da protagonista. 

Aos poucos as ameaças ficam cada vez mais incisivas, e as altas quantia exigida em troca do silêncio da chantagista deixam Irene cada vez mais tensa, despertando a suspeita de sua família. 

O interessante deste thriller vivido por Irene é acompanhar a sua mudança de comportamento: Ironicamente, o adultério descrito por ela até mesmo com uma certa monotonia, passa a provocar em Irene uma releitura de suas ações, o que a deixa um tanto quanto saudosa no que diz respeito à sua rotina com o marido. Assim, a traição que sequer era considerada uma grande aventura passa a provocar medo, ansiedade, desespero e até uma certa paranoia, fazendo com que ela lamente o desinteresse pelo seu casamento. Das três, esta foi minha novela favorita. 





Segunda Novela: Cartas de Uma Desconhecida

A segunda novela do livro de Zweig traz o escritor R., que encontra uma carta remetida por uma desconhecida após retornar de uma viagem. A longa e misteriosa carta narra ao escritor sua paixão até então velada e que lhe trouxe consequências devastadoras.

O sentimento sufocante da mulher é revelado trazendo detalhes de sua vida ora na miséria, ora na alta sociedade. A vida de R. também é apresentada em um relato emocionante.









Terceira Novela: 24 Horas na Vida de Uma Mulher

A última novela do livro traz uma interessante história dentro de outra história: um grupo de turistas em férias se depara com escândalo: a esposa tida como respeitável conforme os padrões vigentes de um dos hóspedes de um hotel em Monte Carlo deixa o marido e parte com um desconhecido com quem esteve por apenas três horas.

A partir deste momento os hóspedes chocados com a atitude da mulher iniciam um debate sobre esta conduta e os motivos que a levaram a uma fuga tão inusitada, até que uma das hóspedes, uma respeitada senhora de 60 anos, resolve abrir seu passado narrando aos outros uma tórrida paixão por ela vivida.

Minhas Impressões:

Sob o panorama social da primeira metade do século XX da burguesia austro-húngara, Stefan Zweig explora em suas novelas suas protagonistas femininas, personagens levadas aos mais atordoantes conflitos.

"Suas mulheres" são confrontadas, questionadas, e levadas às mais extremas armadilhas da mente. Medo, insegurança, ansiedade, paixão e a instabilidade emocional são características facilmente encontradas nas três novelas.

A cada página virada a linha ente sanidade e loucura fica cada vez mais tênue, e os sentimentos das personagens são potencializados: tudo se torna muito intenso e consequentemente muito verdadeiro.

A forma com que Zweig dá voz às suas personagens nos aproxima muito da história, narrada em primeira pessoa. Suas protagonistas se revelam, e suas atitudes são confrontadas pelos padrões morais da época, seguidas de uma futura "redenção" e de discreta lição ética. Me apaixonei pelo livro e certamente vou conhecer outros trabalhos de Zweig.

Sobre o Autor: 

STEFAN ZWEIG (1881-1942), nascido em uma família judia rica, viveu a efervescência cultural de Viena no começo do século XX. Amigo de grandes intelectuais e artistas, desde a Primeira Guerra Mundial se tornou pacifista. Com a ascensão do III Reich e a perseguição aos judeus, autoexilou-se, distanciando-se de seu país natal cada vez mais, à medida que a Segunda Guerra tinha início e se alastrava. Refugiou-se no Brasil em 1941, mais especificamente em Petrópolis (RJ), onde suicidou-se com a mulher no ano seguinte. É autor de romances, poemas, peças de teatro, ensaios e biografias. Além de Maria Antonieta, a Zahar publicará ainda O mundo insone: uma coletânea de ensaios, eNovelas femininas.

*Cortesia da Editora Zahar

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