A extraordinária garota chamada Estrela
Crítica
A extraordinária garota chamada Estrela, de Jerry Spinelli
00:00Angélica Pina
Leo Borlock é o
narrador-personagem que conta como sua vida e tudo à sua volta se modificou a
partir do primeiro dia de aula no segundo ano do Ensino Médio. Por todo lado na
escola todos os comentários giravam em torno de uma pessoa que ele ainda não
conhecia, mas que a começar pelo nome já era diferente: Estrela. Estrela
Caraway. No refeitório Leo a vê, usando um vestido longo até os pés, carregando
uma bolsa de lona estampada com um girassol enorme e um ukulele amarrado às
costas. Todos da escola a observam como se ela fosse um ser de outra espécie,
já que todos estão acostumados a serem iguais, vestirem-se do mesmo modo,
falarem do mesmo modo, agirem do mesmo modo.
Nos dias seguintes, todos
continuam observando a nova e exótica aluna. Estrela anda pela escola tocando
seu ukulele, cantando, dançando e girando, balançando suas saias longas e rodadas.
Não usa nenhuma maquiagem. Carrega em sua bolsa seu animal de estimação:
Canela, um rato marrom.
“Ela era fugaz. Ela era hoje. Ela era amanhã. Ela era o aroma mais
suave da flor de um cacto, a sombra fugidia de uma coruja marrom. Nós não sabíamos
o que fazer com ela. Em nossa mente, tentávamos fixá-la em um quadro de cortiça
como uma borboleta, mas o alfinete simplesmente se soltava e ela voava para
longe.”
Estrela canta parabéns no
refeitório tocando seu ukulele para cada aniversariante. Leva presentes para
todos da turma em cada data festiva, como Halloween e Valentine’s Day. Sorri
para todos que encontra em seu caminho, cumprimenta quem não conhece e faz
gentilezas o tempo todo. Passado o estranhamento inicial, todos começam a
admirar suas atitudes e percebem que ela é amigável e divertida.
“Naquela época, a maioria havia decidido que gostava de tê-la por
perto. Ficávamos ansiosos para ir à escola, para ver que esquisitice ela
aprontaria. Estrela nos dava assunto para comentar. Ela nos entretinha. Ao
mesmo tempo, nos contínhamos. Porque ela era diferente. Diferente. Não tínhamos ninguém com quem compará-la, ninguém para
colocá-la lado a lado. Ela era um território desconhecido. Perigoso. Tínhamos
medo de chegar perto demais.”
Não demora muito para que Leo Borlock perceba que está
apaixonado por Estrela. Eles vivem momentos mágicos e muito especiais juntos, tornando-se,
acima de tudo, grandes amigos.
“Ela era uma luz flexível: brilhava em cada esquina do meu dia. Ela me
ensinou a me divertir. Ensinou-me a refletir. Ensinou-me a rir. Meu senso de
humor sempre havia sido suficiente para todo mundo; mas, por ser tímido e
introvertido, eu o mostrava com moderação: eu era sorridente. Na presença dela,
joguei a cabeça para trás e ri alto pela primeira vez na vida.”
Porém, por causa de sua
excentricidade, a popularidade de Estrela transforma-se em desprezo e todos os
colegas decidem se afastar. Leo tenta mostrá-la que talvez o ideal seja que ela
tente ser “alguém comum” e essa questão paira entre eles: o melhor de Estrela é
ser diferente ou ela deve se esforçar para ser como todos os outros?
A leitura de A extraordinária
garota chamada Estrela é gostosa e rápida (o livro tem 189 páginas). Não é
segredo para ninguém que curto livros juvenis e garanto que este não deve ser
lido apenas por jovens, pois tem potencial para alcançar os corações de adultos
também. É de uma doçura e fofura que encanta!
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