Eu nasci em 1987 (sim estou sentindo o cheirinho dos 30 anos mais com rostinho de 20 e poucos) época em que a música mundial tinha um som barulhento, jovens integrantes que não prezavam pela boa aparência e um nome: Metallica.
O dinamarquês Lars Ulrich foi basicamente o idealizador do Metallica, filho de um tenista boêmio, vivia com a casa recheada de artistas, músicos e ricos variados da Dinamarca. Desde cedo aprendeu a se virar sozinho e quando ouviu o “New Wave of British Heavy Metal” (em português “Nova onda do Heavy Metal Britânico”), descobriu que naquela sonoridade diferenciada, forte, barulhento e com riffs de tirar o fôlego estava seu futuro. A bateria era seu sucesso.
E foi em maio de 1981 que o garotinho dinamarquês conheceu o tímido americano James Hetfield, e os dois, com personalidades fortes e completamente opostas, não se deram muito bem; era muita energia rock and roll misturada. James sempre gostou de ser diferente, então enquanto todos ouviam Beatles, ele ouvia Black Sabbath; nada poderia ser mais Metallica do que “ser diferente”.
O sucesso demorou a chegar e por muitos anos todos não acreditaram que a banda poderia ser algo realmente impactante para a música. Mas, como não poderia deixar de ser, o Metallica também viu sua carreira tomar expressão fazendo apresentações na lendária “Whisky a Go Go”, o cenário do rock não seria o mesmo sem essa casa de shows em Los Angeles, a Whisky colocou as melhores bandas de rock no cenário.
Hetfield era um adolescente inseguro com sua voz, com sua aparência assombrada por acnes e expressar sentimentos não era uma opção, ele criou uma barreira entre ele e o mundo. E essa “barreira” era característica dos garotos, como Mick conta, “a postura do Metallica eram, em essência, o som dos excluídos, que de tão distantes das fronteiras do mainstream, nem tentariam entrar nele, uma abordagem tão em desacordo com o comportamento predominante de agradar a plateia das bandas de Los Angeles que não parecia fazer sentido à maioria das pessoas para quem eles se apresentavam nos vários clubes de HollyWood, nos quais começavam a tocar com frequência”. O guitarrista, Kirk resume tudo: “o heavy metal tinha o poder de agregar os excluídos”.
Depois de passarem muitas dificuldades no primeiro disco, o segundo álbum veio com o apoio financeiro de uma gravadora europeia. E o primeiro CD do Metallica a ganhar o disco de ouro foi “Master of Puppets”, até hoje para muitos fãs do metal foi o melhor produzido pela banda. 25 anos depois, o número de cópias vendidas deste disco chega a quase sete milhões de cópias, só nos Estados Unidos.
A grande “tour” do Metallica foi como banda de abertura da turnê de verão de Ozzy Osbourne. Para os garotos do Metallica foi a “verdadeira oportunidade”, claro além do Black Sabbath ser a banda favorita de membros da banda. Depois dessa turnê todos perceberam que Metallica seria uma lenda.
Sinto muita falta de ler “o por traz da marca Metallica”, não temos muitas histórias das loucuras cometidas pela banda, quando comprei o livro imaginei que ali descobriria toda a realidade sobre a reabilitação de James, sobre o ego inflado de Lars, sobre a personalidade de Dave Mustaine e como tudo saiu do eixo e a raiva entre os membros da banda e Dave tomaram proporções além das capas das revistas, dentre tantas outras peripécias que tenho certeza que foram vividas pela banda. Acho que Mick Wall peca ao não trazer a intimidade da banda para o leitor, deixar só o “marketing” Metallica em evidência acaba deixando um “buraco” na história do livro.
Em 1990 o Metallica resolveu sucumbir ao pedido dos grandes (gravadoras, mídia, etc.) e criou um disco comercial direcionado a conquistar novos fãs. O Metallica sempre se gabou por não ser rotulado como “popular”, muito menos como “thrash metal”. Entretanto quando Lars viu o sucesso que “Appetite for Destruction” do Guns n’ Roses fazia na mídia e com o público, ele quis Bob Rock, o produtor do Guns.
O Metallica se tornou mundial e alcançou um público ímpar com o cd “Metallica”, conhecido como o ‘Álbum Preto’. Composto por mais singles, nele o Metallica conseguiu alcançar um novo público e com o novo show dar um verdadeiro espetáculo de rock de garagem em casas de show mundiais, mostrando a versão 1990 e deixando de lado a original dos anos 80, arrogante e inflexível. O “Black Album” lançou cinco singles consecutivamente, ele foi a apoteose musical do Metallica.
Depois do sucesso de “Black Album” o Metallica caiu de produção e de popularidade, essa época é marcada pela ascensão do movimento grunge (Nirvana, Pearl Jam, Alice in Chains, entre outros).
E em 2000 a banda entrou com processo contra o primeiro site de compartilhamento de músicas online, o Napster. Esse processo contra o Napster quase destruiu o Metallica, afinal era “uma banda de rock ameaçando processar seus próprios fãs”, a cada download feito por um fã, na visão da banda, seria pirataria. Muitos artistas foram contra o Metallica e indo a favor da modernidade de compartilhar experiências.
Aqui preciso abrir um parêntese (sim o texto vai ficar longo, mas preciso desabafar). Caros leitores, Lars passou toda sua adolescência “pirateando” discos e mais discos, ele os gravava em fitas cassetes e depois fazia trocas com outros amigos, também aficionados por música. Todo esse “compartilhamento” à moda antiga de Lars nos anos 80 o ajudou a conhecer novas bandas, novos sons, novos amigos e descobrir seu dom musical. Mas, o baterista não foi a favor da nova forma de se pensar o compartilhamento dos anos 2000. O Napster abriu muitos portos para vida digital, criado por Shawn Fanning e seu co-fundador Sean Parker, essa plataforma revolucionou a forma de se pensar e produzir música no mundo. Shawn foi descrito como o homem chave que mudou a indústria musical para sempre e eu o agradeço.
Lars é o baixinho invocado e gostava de deixar claro que não era só um baterista, mas também um frontman de respeito. Senti que em todo o livro foi “abram alas que Lars vai passar”, toda história tem Lars envolvido. Resumindo, apesar de valorizar a persistência e paixão pela música do baterista, hoje eu o imagino como uma pessoa “chatinha”, quase (para não afirmar) um garoto mimado.
O Metallica (assim como o Led Zeppelin) sempre inovou em seus lançamentos, nunca criou um disco parecido com o anterior. Lars e companhia se arriscavam em inovar e experimentar, mesmo que o risco disso fosse perder seus fãs fiéis e mais devotos. Essa eterna história de amor, ódio e controvérsia alimenta a faísca de genialidade da banda. James e Lars com suas visões opostas de vida e Kirk com sua aparente tranquilidade guiam a “banda mais pesada do mundo”.
Ps: Eu discordo desse “adjetivo” de “a banda mais pesada do mundo”, existem outras bandas mais pesada e melhores.
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