O Castelo de Vidro é uma emocionante autobiografia da escritora e jornalista Jeannette Walls, onde ela revela os detalhes de sua infância dramática. O livro é uma cortesia da Editora Globo Livros.
O título é baseado em um projeto de Rex, pai da autora que nunca se concretizou: a construção de uma casa de vidro de onde a família poderia contemplar as estrelas facilmente, chamada O Castelo de Vidro. Mas não se deixe levar pela leveza que o título sugere: a vida de Walls é marcada pelas mais duras dificuldades.
Logo no começo do livro Jeannette demonstra um grande sentimento de culpa quando durante um trajeto de carro vê seus pais, moradores de rua, revirando lixo em uma caçamba. Mas antes que eu pudesse formar qualquer opinião negativa à respeito do comportamento aparentemente omisso da jornalista, a história dá um salto de vinte anos, e fui levada aos primeiros momentos de sua infância, para enfim compreender o comportamento sintomático da filha, e o que levou os pais a esta situação.
Walls é quem narra toda a história em primeira pessoa, mas a autora apresenta uma perspectiva diferente da inicial ao retomar suas lembranças de infância: quando o livro remota ao seu passado, é a criança quem passa a contar suas mais dramáticas memórias.
Esse marco é bem estabelecido pela escritora, que diferencia muito bem o olhar lúdico e ingênuo de sua infância, da maturidade duramente conquistada até a fase adulta.
Esse marco é bem estabelecido pela escritora, que diferencia muito bem o olhar lúdico e ingênuo de sua infância, da maturidade duramente conquistada até a fase adulta.
Suas lembranças começam com a narração de uma cena chocante, quando ela sofre um acidente no fogão ao cozinhar sem a menor supervisão dos pais e com a anuência da mãe, que a julgava madura para a pouca idade e capaz de preparar sua própria comida.
Enquanto a menina de apenas três anos rodopiava sobre um banco em frente ao fogão sua saia é atingida pelo fogo, que a fere gravemente. Mas ao contrário do que se espera neste tipo de situação, as queimaduras que poderiam ter levado Jeannette à morte são encaradas com uma estarrecedora naturalidade pela família e a recuperação da garota é vista como um ato corajoso pelo pai, que inclusive continua incentivando a menina a enfrentar o fogo mesmo depois do acidente.
Os pais de Jeannette: Rex e Rose Mary são geniosos, temperamentais, relapsos, egoístas, negligentes e completamente disfuncionais. E quando relaciono todos esses "predicados", você pode ter certeza que não é exagero: ao longo da história as crianças da família Wall são submetidas à todo tipo de risco, abandono, perigo e más influências. Se eu pudesse traduzi-los em uma única palavra, diria que eles são um verdadeiro pesadelo como pais.
Além de Jeannette, nas mesmas condições vivem outros três filhos do casal: Brian, Lori e Maureen, que também enfrentam os mesmos dramas vividos pela narradora. Além disso, o casal Walls teve uma outra criança que foi encontrada morta no berço. Em virtude do desconforto que a história gera, não se tem muitos detalhes sobre a morte, já que os pais não gostam de tocar no assunto, mas considerando os constantes acidentes e o comportamento relapso dos pais tudo leva a crer que a morte tenha sido provocada pelo comportamento negligente do casal.
Enquanto a menina de apenas três anos rodopiava sobre um banco em frente ao fogão sua saia é atingida pelo fogo, que a fere gravemente. Mas ao contrário do que se espera neste tipo de situação, as queimaduras que poderiam ter levado Jeannette à morte são encaradas com uma estarrecedora naturalidade pela família e a recuperação da garota é vista como um ato corajoso pelo pai, que inclusive continua incentivando a menina a enfrentar o fogo mesmo depois do acidente.
Os pais de Jeannette: Rex e Rose Mary são geniosos, temperamentais, relapsos, egoístas, negligentes e completamente disfuncionais. E quando relaciono todos esses "predicados", você pode ter certeza que não é exagero: ao longo da história as crianças da família Wall são submetidas à todo tipo de risco, abandono, perigo e más influências. Se eu pudesse traduzi-los em uma única palavra, diria que eles são um verdadeiro pesadelo como pais.
Além de Jeannette, nas mesmas condições vivem outros três filhos do casal: Brian, Lori e Maureen, que também enfrentam os mesmos dramas vividos pela narradora. Além disso, o casal Walls teve uma outra criança que foi encontrada morta no berço. Em virtude do desconforto que a história gera, não se tem muitos detalhes sobre a morte, já que os pais não gostam de tocar no assunto, mas considerando os constantes acidentes e o comportamento relapso dos pais tudo leva a crer que a morte tenha sido provocada pelo comportamento negligente do casal.
Rex, o pai, é um homem inteligente que não gosta de seguir regras, mas sente necessidade de impor suas próprias normas sem enfrentar nenhuma objeção, além de mudá-las conforme seus interesses. Ele não se importa com o bem estar dos filhos e sempre os submete a algum tipo de prova, obrigando-os a lidar precocemente com as circunstâncias mais adversas da vida, como as constantes mudanças de cidade, as brigas violentas com a esposa, sua instabilidade emocional, sua embriaguez e até mesmo com a falta de comida em casa. Rex é autoritário e extremamente egocêntrico.
“Filha, a gente não tem dinheiro para o presente, mas escolhe uma estrela no céu, e fica com ela pra toda a vida.”
Rose Mary por sua vez é uma pintora que, apesar inteligência e da boa formação acadêmica não fica muito satisfeita em lecionar e, assim como Rex, não gosta de seguir regras. Rose também não gosta de trabalhar e se mostra extremamente frustrada por não poder se dedicar aos seus quadros e obter lucro com seus dotes artísticos. Rose é imatura, infantil, egoísta e se em diversos momentos culpa seus filhos pelo seu fracasso como artista. Uma mãe que por diversas vezes esconde comida dos filhos nos períodos de escassez e que os submete às piores situações para satisfazer seus caprichos.
Talvez o maior paradoxo desta conflituosa relação familiar é que, por mais estranho que se possa parecer, Rex e Rose Mary são amados pelos filhos e também os amam, à sua maneira. Ainda que não implique em proteção ou cuidado, se tentarmos deixar o maniqueísmo de lado veremos que eles possuem suas qualidades ao tentar valorizar a essência de cada um de seus filhos, e como a maioria dos humanos tem seu lado bom sim.
Ao longo da história as crianças são submetidas às mais duras provas de humilhação, abuso e desamparo e ainda tem que lidar com os mais absurdos devaneios dos pais que interpretam a vida como bem entendem. Os pequenos Walls enfrentam a fome, são expostos à abusos sexuais por pura negligência dos pais que tem as mais estranhas atitudes, como por exemplo deixar todas as portas e janelas abertas à noite para renovar o ar da casa. As crianças vivem sujas, convivem com ratos e insetos porque os pais se recusam a usar inseticidas, são agredidas, maltratadas, discriminadas, e expostas a diversos acidentes que com poderiam ser evitados com o mínimo de zelo dos pais.
Rex e Rose não gostam de compromissos, não gostam de obrigações e nada parece abalá-los, nem mesmo a morte. Eles são entregues aos seus sonhos e às leituras que fazem da vida, o que faz com que os filhos sejam deixados de lado.
Ao longo da história as crianças são submetidas às mais duras provas de humilhação, abuso e desamparo e ainda tem que lidar com os mais absurdos devaneios dos pais que interpretam a vida como bem entendem. Os pequenos Walls enfrentam a fome, são expostos à abusos sexuais por pura negligência dos pais que tem as mais estranhas atitudes, como por exemplo deixar todas as portas e janelas abertas à noite para renovar o ar da casa. As crianças vivem sujas, convivem com ratos e insetos porque os pais se recusam a usar inseticidas, são agredidas, maltratadas, discriminadas, e expostas a diversos acidentes que com poderiam ser evitados com o mínimo de zelo dos pais.
Rex e Rose não gostam de compromissos, não gostam de obrigações e nada parece abalá-los, nem mesmo a morte. Eles são entregues aos seus sonhos e às leituras que fazem da vida, o que faz com que os filhos sejam deixados de lado.
"-Bom para você- disse mamãe quando me viu cozinhando. Você tem que voltar à rotina. Não pode viver com medo de uma coisa tão básica quanto o fogo."
Talvez o mais interessante de tudo, é que, apesar de todos estes conflitos a história é narrada sem o menor sinal de amargura ou de ressentimento: Jeannette Walls nos conta sua trajetória sem lamentar suas sorte. Entretanto, com muita sinceridade ela não isenta responsabilidade dos pais de forma honesta.
O destino dos pais volta e meia acaba sendo a rua, já que eles não se adaptam a nenhum modelo social, não gostam de trabalhar e usam a liberdade como argumento para se eximirem de qualquer responsabilidade.
A narrativa de Jeannette é muito envolvente e fiquei muito presa à história. Isto porque de forma quase que de forma instintiva eu me liguei aos acontecimentos, e me mantive preocupada com o destino daquelas crianças. É como se a cada segundo existisse uma tragédia iminente diante dos meus olhos. O livro foi capaz de provocar as mais diversas reações: compaixão e carinho pelas crianças, raiva dos pais em alguns momentos e pena em outros, afinal eles eram vítimas de si mesmos.
O destino dos pais volta e meia acaba sendo a rua, já que eles não se adaptam a nenhum modelo social, não gostam de trabalhar e usam a liberdade como argumento para se eximirem de qualquer responsabilidade.
A narrativa de Jeannette é muito envolvente e fiquei muito presa à história. Isto porque de forma quase que de forma instintiva eu me liguei aos acontecimentos, e me mantive preocupada com o destino daquelas crianças. É como se a cada segundo existisse uma tragédia iminente diante dos meus olhos. O livro foi capaz de provocar as mais diversas reações: compaixão e carinho pelas crianças, raiva dos pais em alguns momentos e pena em outros, afinal eles eram vítimas de si mesmos.
As crianças Walls |
Um relato emocionante e verdadeiro de uma infância difícil, que felizmente não terminou em tragédia. Vale a pena conhecer esta história!
Jeannette Walls nasceu em 21 de abril de 1960 em Phoenix, Arizona. Sua família morou em vários locais diferentes dos Estados Unidos, como Nevada, Califórnia, West Virginia, e chegou até mesmo a viver nas ruas. A experiência atípica da família nômade de Walls forneceria o substrato para seu premiado volume de memórias, O castelo de vidro, que se manteve por surpreendentes cem semanas na lista dos mais vendidos do New York Times. O livro foi um sucesso de crítica, recebeu prêmios significativos, como o Christopher Award e o Books for Better Living Award. As memórias de Walls atingiram a marca de 2,7 milhões de exemplares vendidos, sendo traduzidas para 22 idiomas. Os direitos do livro foram negociados com a Paramount, que se incumbirá da adaptação cinematográfica.
Antes de enveredar pela carreira literária, Jeanette Walls exerceu, por muitos anos, o jornalismo, tendo trabalhado como repórter, colunista e articulista em diversas publicações, dentre as quais a revista Esquire e o jornal USA Today. Atualmente em seu segundo casamento, Walls vive em Culpeper, Virginia, com seu marido, o jornalista John J. Taylor.
Antes de enveredar pela carreira literária, Jeanette Walls exerceu, por muitos anos, o jornalismo, tendo trabalhado como repórter, colunista e articulista em diversas publicações, dentre as quais a revista Esquire e o jornal USA Today. Atualmente em seu segundo casamento, Walls vive em Culpeper, Virginia, com seu marido, o jornalista John J. Taylor.
Ficha Técnica
Título: O castelo de vidro
Autora: Jeannette Walls
Tradução: Alexandre Martins
Páginas: 344
Formato: 16cm x 23cm
Data de lançamento: 24/03/2014
ISBN: 9788525056337
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1 comentários
Li e recomendo a todos esse livro ... O Castelo de vidro vai ficar em minhas memória para sempre.
ResponderExcluirUma leitura de tirar águas do olhos rs
Obrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...