A Piada Mortal
A Piada Mortal- Edição Especial de Luxo
A Piada Mortal- Edição Especial de Luxo
15:03Universo dos LeitoresUm dia ruim é a linha tênue que divide um homem entre sanidade mental e a loucura? Para o Coringa retratado em A Piada Mortal sim.
Considerada uma das mais emblemáticas HQ's do homem morcego, A Piada Mortal humaniza o Coringa trazendo à tona seu passado e sua relação paradoxal com o protagonista Batman.
Escrita por Alan Moore e ilustrada por Brian Bolland, esta brilhante HQ traz uma das mais icônicas imagens do Coringa, explorando os aspectos psicológicos que o transformaram no desequilibrado vilão. Além disto, esta edição apresenta um aspecto mais sombrio marcado pelo traço dramático, alguns elementos noir, as cores de Bolland e um roteiro mais violento do que o apresentado na edição de 1988.
A história se resume a breves 53 páginas, e por esta razão não vou me aprofundar em detalhes da sinopse para não comprometer as inúmeras surpresas reservadas na HQ.
A história se resume a breves 53 páginas, e por esta razão não vou me aprofundar em detalhes da sinopse para não comprometer as inúmeras surpresas reservadas na HQ.
A história começa com uma visita de Batman ao Asilo Arkham, um sanatório para criminosos de Gotham. Batman procura o Coringa para colocar um ponto final nos conflitos entre eles, mas para a surpresa do herói o Coringa já havia fugido e colocado outra pessoa em seu lugar.
Paralelamente, temos o coringa comprando um parque de diversões, onde o antagonista coloca em prática um plano insano, arquitetado com detalhes para levar qualquer homem à loucura. Sua intenção é provar ao Batman que todos estão susceptíveis a enlouquecer em um dia ruim. Segundo a ótica do Coringa, qualquer homem bom pode perder a sanidade e tornar-se um vilão quando submetido a seguidas tragédias pessoais, como aconteceu com ele e é contado ao longo da HQ.
Paralelamente, temos o coringa comprando um parque de diversões, onde o antagonista coloca em prática um plano insano, arquitetado com detalhes para levar qualquer homem à loucura. Sua intenção é provar ao Batman que todos estão susceptíveis a enlouquecer em um dia ruim. Segundo a ótica do Coringa, qualquer homem bom pode perder a sanidade e tornar-se um vilão quando submetido a seguidas tragédias pessoais, como aconteceu com ele e é contado ao longo da HQ.
Seguindo sua premissa, o Coringa aterroriza o comissário Gordon, que não foi escolhido por acaso. Por mais alucinado que o Coringa possa parecer, ele selecionou cuidadosamente sua vítima para conquistar seu objetivo de questionar e contestar o heroísmo de Batman. Primeiro porque o comissário Gordon é muito próximo de Batman, tornando-o uma grande isca para atrair o homem morcego. Segundo: Gordon é um homem correto e ético, o que faz dele um modelo perfeito para provar a teoria do vilão. Por fim, destaco a escolha do Coringa: ele poderia ter escolhido o próprio Batman, mas ao invés disso preferiu deixá-lo como um expectador do seu show de horrores, em um confronto espetacular.
O texto genial de Allan Moore e a minuciosa arte de Brian Bolland conseguem expor a mente atordoada e psicótica do Coringa, que ao longo da história surpreende com reflexões incríveis que colocam em xeque até mesmo a conduta de Batman. O maniqueísmo entre vilões e mocinhos ainda está presente na HQ mas é contestado, assim como ocorre em outros trabalhos de Moore: de forma discreta em V de Vingança e de forma mais enfática em Watchmen. Para a infelicidade de Batman, ele se parece muito mais com o Coringa do que ele gostaria. Em muitos diálogos temos a sensação de que o vilão revela-se como uma espécie de alter-ego do herói.
A Edição
Como eu disse anteriormente, esta edição foi recolorida por Brian Bolland e escrita por Allan Moore, que assina o roteiro. Além dos detalhes que acrescentam mais drama e realismo à história, a HQ possui elementos sutis que ensejam algumas vezes mais de uma interpretação.
A Edição Especial de Luxo tem capa dura, com o Coringa tirando um retrato do espelho (ele segura o obturador com a mão esquerda) e conta ainda com um prefácio assinado por Tim Sale, posfácio de Brian Bolland, esboços e a primeira edição da história do Coringa.
O desfecho do Coringa (ALERTA DE SPOILER)
Se você ainda não leu A Piada Mortal e quer manter-se longe dos spoilers, interrompa a leitura desta resenha.
As cenas finais geraram dupla interpretação no que diz respeito ao desfecho do Coringa, que em uma segunda versão teria sido assassinado por Batman. Esta interpretação foi feita a partir da última cena, onde há um confronto entre Batman e o Coringa.
Após contar uma piada, o Coringa começa a rir juntamente com Batman, e enquanto o enquadramento se afasta, focando na poça d'água que está no chão iluminada pelos faróis dos carros da polícia, as onomatopeias diminuem.
O que muitos leitores não perceberam à época da publicação, é que de forma discreta, Bolland deu a entender que Batman teria estrangulado o Coringa, e que as onomatopeias representavam as risadas do Coringa diminuindo após o ataque do herói.
O próprio nome da HQ: A Piada Mortal antecipava o desfecho, já que a morte se dá justamente após a piada contada pelo Coringa. Além disso, no confronto inicial do suposto Coringa com o Batman ele decreta que os conflitos só terminariam com um dos dois matando ao outro, mais cedo ou mais tarde. Posteriormente esta versão foi confirmada por Bolland.
Ler esta HQ foi uma grata surpresa e com certeza foi um dos melhores quadrinhos que já li. Se você ainda não leu, pare o que estiver lendo e dedique alguns minutos do seu dia para esta história fabulosa.
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