Azul da Cor do Mar Crítica

Azul da cor do mar, de Marina Carvalho

00:00Angélica Pina

Rafaela Vilas Boas é uma estudante de Jornalismo que mora em Belo Horizonte com dois dos seus irmãos mais velhos (o outro irmão mora em São Paulo e os pais em São Pedro dos Ferros, no interior de Minas). Quando criança, sempre passava as férias em Iriri-ES e foi lá que ela se encantou, aos 11 anos, por um misterioso garoto de belíssimos olhos azuis que usava uma mochila xadrez. Rafa nunca mais o viu, mas cresceu escrevendo em um caderno sobre esse garoto e sua vida amorosa nunca se desenvolveu muito bem pelo fato de ela não conseguir esquecer sua paixão da infância.

“Foi nesse momento que seus olhos se ergueram e pararam nos meus. Eram azuis. Lindos. Abaixei a cabeça, com o rosto quente de vergonha. Quando voltei a erguê-la, o garoto da mochila xadrez já havia desaparecido do meu campo de visão. Nunca mais voltei a vê-lo. Passei outras férias de verão em Iriri, mas jamais o encontrei novamente. Mesmo sem saber quem ele era, vivi os dez anos seguintes com aquela imagem da praia grudada na minha memória. Aquilo me marcou. Muito. Nem eu sei explicar o por quê.”

Embora estabanada e desajeitada, Rafaela é uma estudante muito dedicada e, apesar de sua família não aprovar muito a escolha de sua profissão, ela é completamente apaixonada por Jornalismo. Por causa disso, a protagonista consegue um excelente estágio no maior jornal de Minas Gerais. Apesar da alegria pela conquista, ela se depara com um grande empecilho: o colega denominado para auxiliá-la durante o estágio no departamento investigativo da Folha de Minas, Bernardo Venturini, é arrogante, mal-humorado e desde o início mostra-se pouco disposto a ajudá-la ou facilitar sua vida.

Mesmo não gostando da companhia um do outro, Rafa e Bernardo passam a participar de várias aventuras em busca de furos jornalísticos, acompanhando julgamentos de assassinos no Fórum e até mesmo entrevistando um chefe do tráfico dentro de um perigoso aglomerado. Em meio às confusões do jornalismo investigativo, Rafaela se vê diante de uma paquera com um colega do departamento esportivo, muito bonito e gentil. Apesar disso, seus olhos azuis fazem com que Rafa lembre-se o tempo todo do garoto da mochila xadrez.

“Acabei aproveitando a oportunidade para contar que, quando criança, eu costumava passar as férias em Iriri, só para ver o que ele ia dizer, se ia comentar: “Puxa, que coincidência. Eu também”. Não custava nada fazer mais uma tentativa de achar o garoto. Mas Marcelo afirmou que Vitória, Vila Velha e Guarapari eram as únicas cidades do Espírito Santo que ele conhecia. Que pena! Se ele fosse o garoto, juro que pularia no pescoço dele na mesma hora. Veja só como sou ridícula.”
Durante a história, torcemos para que Rafaela consiga se mostrar uma excelente jornalista para acabar com a arrogância de Bernardo e, claro, para que ela encontre o tal garoto misterioso. A narrativa de Marina Carvalho possui uma fluência deliciosa, sua escrita é impecável e a linguagem utilizada é de fácil compreensão, o que torna a leitura realmente muito agradável.

A simpatia com a Rafa é imediata, pois ela narra a história como se estivesse falando a uma amiga, então conseguimos compreender seus pontos de vista e sentimentos com clareza. Algumas passagens são completamente engraçadas e em outras rola um suspense que deixa o leitor intrigado.

Marina sabe encantar, emocionar e fazer com que fiquemos com um gostinho de “quero mais” ao terminar a leitura! Quem gostou de Simplesmente Ana (resenha aqui), certamente também vai adorar Azul da cor do mar.



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