Cia das Letras Crítica

O Ladrão do Tempo, de John Boyne

00:00Universo dos Leitores

No ano de 1785, Matthieu Zela, nosso protagonista, presenciou assassinato da sua mãe e, diante do trauma, resolveu sair de Paris e viver na Inglaterra, na tentativa de construir uma nova vida. Acompanhado por Tomas, seu meio irmão, ele saiu em uma trajetória de busca, de responsabilidade e de amadurecimento. 

Antes de completar 50 anos de idade teve a oportunidade de viver um amor, de construir uma empresa e de enriquecer. Mas como a vida nem sempre é fácil, ele também enfrentou dificuldades e por problemas típicos dos homens comuns. 

Acontece que sem razão aparente o seu corpo parou de envelhecer, a sua aparência física parou de mudar e a sua mente não começou a apresentar os cansaços e os problemas típicos da idade. Esse fato inexplicável marcou a sua trajetória, permitiu que ele vivesse momentos incríveis da história mundial (Revolução Francesa, crise na economia global etc) e conhecesse pessoas importantes no cenário mundial, entre elas, Charles Chaplin.
Assim, quando ele decidiu contar a sua história, já estava com aproximadamente 250 anos e muitas, muitas coisas para dizer. 

Com uma narrativa leve, agradável e repleta de detalhes, a história contada por Boyne trouxe muito mais que a trajetória de um homem comum que em um determinado momento parou de envelhecer. O que encontramos no livro é uma história sobre o comportamento de um homem perante a vida e as experiências. Percebemos a forma como, independente da idade, o ser humano pode acertar, errar e até se arrepender, mas precisa sempre erguer a cabeça e enfrentar o próximo dia.

Um aspecto interessante que merece ser ressaltado é o fato da história não possuir uma ordem cronológica. Os capítulos se alternam entre a fase da infância de Zela, a fase do seu amadurecimento e da sua mudança na percepção do mundo e, por fim, a sua fase atual: com um trabalho estável e tentando ajudar o único sobrinho que ainda está vivo, mas tem uma vida extremamente complicada e permeada de mentiras e escolhas erradas. Esse fator foi extremamente favorável para instigar o leitor e manter vivo o interesse pela história, que tem exatamente 561 páginas. 

Destaque: O livro é extenso e possui diversos capítulos interessantes, mas os capítulos em que o nosso protagonista convive com Charles Chaplin são simplesmente incríveis! A construção da personalidade de Chaplin foi completa e diferenciada, o que enriqueceu a obra e permitiu um ponto de vista diferente sobre um dos grandes gênios do cinema. 




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