Após o sucesso e as inúmeras polêmicas em torno do filme Ninfomaníaca (Parte 1), Lars Von Trier conseguiu um desfecho brilhante e extremamente crítico com a segunda parte do filme.
Enquanto na primeira parte conhecemos Joe desde a descoberta da sua sexualidade até o momento em que ela pára de sentir desejo, na continuação nós acompanhamos a sua luta incessante para reconquistar o prazer sexual. No entanto, em meio a isso, a história adentra no seu intelecto com maior profundidade e lida com temas como pecado, julgamento, angústia, pudor, preconceito social e hipocrisia humana.
Com uma necessidade incontrolável de sexo, a personagem não consegue conviver em sociedade e precisa descobrir uma forma de utilizar o seu desejo incessante para que possa sobreviver. Com isso, adentra em um universo perigoso e se submete a situações constrangedoras, que ultrapassam os limites éticos e seguros. Com consequências impensadas, a sua vida toma rumos complexos e angustiantes.
Também é preciso destacar a mudança de conduta de Seligman, seu fiel ouvinte, que se torna mais agressivo em suas análises até que se revela assexuado. O seu choque com a história de Joe faz com que a sua postura ante à sexualidade mude, o que conduz o filme a um final surpreendente e inesperado.
Quem espera cenas intensas de sexo certamente terá uma grande decepção. Nesta parte, o drama ganha maior destaque e a intensidade das expressões dos atores é a grande responsável pelo sucesso do longa. Com olhares tensos e desesperados, é impossível se manter inerte ao desespero de Joe diante da própria vida.
Um filme que se utiliza do sexo para criticar a sociedade hipócrita e machista na qual vivemos, e que no final demonstra que a personagem não é um objeto e que assim como todos os seres humanos merece ser livre para escolher o seu destino.
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