Cinema Crítica

Nebraska e a vida em preto e branco

00:30Universo dos Leitores

Dirigido por Alexander Payne, o filme conta uma história diferente e emocionante. Tudo começou quando um senhor chamado Woody recebeu uma carta dizendo que havia sido premiado com um milhão de dólares, mas que para retirar o prêmio deveria comparecer à sede da empresa, na cidade de Nebraska. 

Ocorre que a carta era uma daquelas propagandas enganosas que encontramos normalmente, mas devido à idade e à necessidade de ter algo pelo que viver, ele acreditou na mensagem e resolveu buscar o prêmio a pé, já que inicialmente não recebeu apoio de nenhum dos familiares.
Após as inúmeras tentativas frustradas de fuga, o filho David resolveu embarcar na vontade do pai mesmo sabendo que não existia prêmio algum. Juntos, eles partiram para uma viagem que acabou resultando em alguns dias na casa de uns familiares de Woody, na cidade de Hawtorne, local onde ele cresceu e conheceu a esposa Kate. 

No período em que ficaram em Hawtorne, Kate e Ross, o outro filho de Woody, vieram encontrá-los. O encontro da família com os parentes distantes e com velhos amigos, em meio ao mito da fortuna a receber, conseguiu transparecer muito bem os vínculos de interesse entre os seres humanos e a forma como podemos ser cruéis e mesquinhos. 







No caminho e no tempo que passaram com os parentes, histórias do passado foram surgindo e eles puderam se conhecer melhor, especialmente David e Woody, que desenvolveram uma amizade e um vínculo afetuoso, coisa que não existia antes. 


O roteiro simples, mas extremamente inteligente e repleto de diálogos irônicos conseguiu transmitir uma mensagem fiel sobre o envelhecimento, a família, a cobiça, a crueldade e a necessidade de ter algo pelo que viver ou em que acreditar. Com uma sensibilidade ímpar, as cenas, que foram gravadas em preto e branco, conferiram intensidade à história uma vez que contribuíram para a ideia da monotonia e da mesmice que é a vida. 

Também merecem destaque as atuações, especialmente a de Bruce Dern (indicado ao Oscar 2014 como Melhor Ator), no papel de Woody e a de June Squibb (indicada ao Oscar 2014 como Melhor Atriz oadjuvante), no papel de Kate. Ambos incríveis, intensos em suas características de ranzinzas, desgostosos com a vida e implicantes pelo simples fato de não terem o que fazer ou com o que ocupar o tempo. Em meio aos olhares perdidos ou às críticas e palavras agressivas sem motivo algum, ambos estão impecáveis e merecem aplausos. 






















Em meio à monotonia e a busca por uma razão para viver, o filme se revelou encantador e profundo, além de ter demonstrado claramente as nuances da vida que por vezes preferimos não enxergar. Vale a pena conferir! 

Trailer:


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