Cinema Crítica

Ninfomaníaca (Parte 1), de Lars Von Trier

03:00Universo dos Leitores


Conhecido pelos filmes impactantes e que adentram na mente humana sem quaisquer reservas, Lars Von Trier deixou muita gente ansiosa quando anunciou que faria um filme sobre sexo e mais, sexo sem nenhum pudor. 

O filme despertou ainda mais interesse quando ele divulgou os atores: Uma Thurman, Cristian Slater e Willian Dafoe. Ora, com esse elenco de peso e com um diretor diferenciado, as expectativas eram grandes e, ao mesmo tempo, duvidosas. 

A verdade é que após assistir o filme, digo sem medo que Lars se superou. Ele conseguiu apresentar cenas intensas de sexo sem apresentar vulgaridade e promiscuidade. A forma como ele conduziu o roteiro foi simplesmente incrível e ao invés de criar um impacto pela sensualidade, ele criou impacto pela culpa. Em momento algum as cenas eróticas foram sensuais, mas sim tensas. Elas não causaram desejos e sim angústias. 

A protagonista, Joe, completamente ninfomaníaca e desprovida de pudores, se sentia vazia, solitária e humilhada, mas seus impulsos carnais não permitiam que ela mudasse de postura. Com um forte julgamento moral e uma culpa exacerbada, a personagem apresentou uma complexidade incrível e conseguiu criar um desconforto enorme no espectador. 
Quando de forma inusitada encontrou um senhor e resolveu contar a sua história, o diálogo entre eles permitiu que ela se libertasse e, ao mesmo tempo, refletisse sobre quem ela era realmente. O seu ouvinte, por meio de metáforas e analogias, foi colocando pontos de vista inovadores e que tornaram a conversa rica e completamente interessante. 

Dividido em cinco capítulos, o filme abordou a vida de Joe desde a infância até a juventude, no entanto, não existiram cenas desnecessárias e explicações inúteis. Tudo se completou e cada parte serviu de sustentação para outra. 
Além do incrível e inquietante roteiro, é imprescindível destacar as atuações. Os atores estavam simplesmente brilhantes e não deixaram nada a desejar. Obviamente, nesta primeira parte, o destaque foi dado para Stacy Martin, que interpretou Joe quando nova, no entanto, a tensão de Uma Truman ao narrar a vida da personagem foi essencial para abrilhantar o filme. 
Claro que é um filme de cenas intensas e pesadas, os mais sensíveis certamente não irão gostar. No entanto, é inegável que a abordagem do diretor foi diferenciada e cuidadosa. Ele entrou na mente da protagonista e criou uma figura sem clichês - ela não sofreu nenhum abuso e não tinha nenhuma razão aparente para ser ninfomaníaca, ela simplesmente era. Sem razões, sem justificativas e sem desculpas.

Um ponto a ser observado era a relação de Joe com o pai. Em meio a sua frieza e à sua obsessão ela cultivava por ele um sentimento puro e leve, que lhe acalmava e tranquilizava. Esse sentimento fraternal foi essencial para mostrar as várias facetas de uma personalidade. 
Por fim, é preciso mencionar a trilha sonora. Lars se utilizou do som da banda alemã Rammsteim, famosa pelo estilo "groove metal". Com isso, ele despertou a visão do espectador para o filme logo na primeira cena. Além disso, também se utilizou de Bach, fazendo um misto incrível de sons que se alternaram conforme o ritmo das cenas.

Trailer:

Devido ao conteúdo, não colocarei o vídeo no post, mas quem tiver interessa poderá encontrá-lo no You Tube.


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