Conhecido pelos filmes impactantes e que adentram na mente humana sem quaisquer reservas, Lars Von Trier deixou muita gente ansiosa quando anunciou que faria um filme sobre sexo e mais, sexo sem nenhum pudor.
O filme despertou ainda mais interesse quando ele divulgou os atores: Uma Thurman, Cristian Slater e Willian Dafoe. Ora, com esse elenco de peso e com um diretor diferenciado, as expectativas eram grandes e, ao mesmo tempo, duvidosas.
A verdade é que após assistir o filme, digo sem medo que Lars se superou. Ele conseguiu apresentar cenas intensas de sexo sem apresentar vulgaridade e promiscuidade. A forma como ele conduziu o roteiro foi simplesmente incrÃvel e ao invés de criar um impacto pela sensualidade, ele criou impacto pela culpa. Em momento algum as cenas eróticas foram sensuais, mas sim tensas. Elas não causaram desejos e sim angústias.
A protagonista, Joe, completamente ninfomanÃaca e desprovida de pudores, se sentia vazia, solitária e humilhada, mas seus impulsos carnais não permitiam que ela mudasse de postura. Com um forte julgamento moral e uma culpa exacerbada, a personagem apresentou uma complexidade incrÃvel e conseguiu criar um desconforto enorme no espectador.
Quando de forma inusitada encontrou um senhor e resolveu contar a sua história, o diálogo entre eles permitiu que ela se libertasse e, ao mesmo tempo, refletisse sobre quem ela era realmente. O seu ouvinte, por meio de metáforas e analogias, foi colocando pontos de vista inovadores e que tornaram a conversa rica e completamente interessante.
Dividido em cinco capÃtulos, o filme abordou a vida de Joe desde a infância até a juventude, no entanto, não existiram cenas desnecessárias e explicações inúteis. Tudo se completou e cada parte serviu de sustentação para outra.
Além do incrÃvel e inquietante roteiro, é imprescindÃvel destacar as atuações. Os atores estavam simplesmente brilhantes e não deixaram nada a desejar. Obviamente, nesta primeira parte, o destaque foi dado para Stacy Martin, que interpretou Joe quando nova, no entanto, a tensão de Uma Truman ao narrar a vida da personagem foi essencial para abrilhantar o filme.
Claro que é um filme de cenas intensas e pesadas, os mais sensÃveis certamente não irão gostar. No entanto, é inegável que a abordagem do diretor foi diferenciada e cuidadosa. Ele entrou na mente da protagonista e criou uma figura sem clichês - ela não sofreu nenhum abuso e não tinha nenhuma razão aparente para ser ninfomanÃaca, ela simplesmente era. Sem razões, sem justificativas e sem desculpas.
Um ponto a ser observado era a relação de Joe com o pai. Em meio a sua frieza e à sua obsessão ela cultivava por ele um sentimento puro e leve, que lhe acalmava e tranquilizava. Esse sentimento fraternal foi essencial para mostrar as várias facetas de uma personalidade.
Por fim, é preciso mencionar a trilha sonora. Lars se utilizou do som da banda alemã Rammsteim, famosa pelo estilo "groove metal". Com isso, ele despertou a visão do espectador para o filme logo na primeira cena. Além disso, também se utilizou de Bach, fazendo um misto incrÃvel de sons que se alternaram conforme o ritmo das cenas.
Trailer:
Devido ao conteúdo, não colocarei o vÃdeo no post, mas quem tiver interessa poderá encontrá-lo no You Tube.
0 comentários
Obrigada por participar do nosso Universo! Seja sempre muito bem vindo...