Diferente dos livros anteriores do escritor, A Confissão da Leoa foi inspirado em fatos e pessoas reais. Segundo declarações de Mia Couto, quando ele estava na aldeia de Kulumami trabalhando como biólogo, recebeu a notícia de que uma pessoa havia sofrido um ataque de um leão. Após o primeiro ataque, 25 se seguiram e o fato triste e marcante o inspirou para a criação da história, que objetivou mostrar um pouco do drama que é a vida das mulheres moçambicanas.
Sobre o livro:
Quando perigosos leões começaram a atacar as pessoas que residiam em Kulumami, uma pequena aldeia localizada em Moçambique, as autoridades convidaram um caçador para exterminar os leões. A notícia da chegada do caçador abalou toda a cidade, principalmente a família de Mariamar, uma moça que tinha acabado de perder a irmã em um dos ataques e que escondia um passado com o caçador.
A partir dessa premissa, a história acontece por meio dos relatos de Mariamar e do caçador, Arcanjo Baleeiro. Com narrativas em primeira pessoa e capítulos alternados, ambos relatam as experiências vividas e demonstram claramente a forma como o peso das tradições incentivavam as suas trajetórias. Eles falam sobre a opressão social, o medo, a forma como as crenças influenciam os moradores da região e discutem a morte e a loucura, que provavelmente é o tema de maior destaque no livro.
“Pode-se enterrar uma filha, sim. Ela já o fizera antes. Mas não se regressa nunca dessa despedida. Ninguém pede mais a atenção de uma mãe que um filho morto."
A partir dessa premissa, a história acontece por meio dos relatos de Mariamar e do caçador, Arcanjo Baleeiro. Com narrativas em primeira pessoa e capítulos alternados, ambos relatam as experiências vividas e demonstram claramente a forma como o peso das tradições incentivavam as suas trajetórias. Eles falam sobre a opressão social, o medo, a forma como as crenças influenciam os moradores da região e discutem a morte e a loucura, que provavelmente é o tema de maior destaque no livro.
O caçador se sentia incapaz, uma vez que sua mãe havia sonhado que ele jamais seria caçador. Mariamar, por sua vez, tinha a sensação de ter nascido morta e de não ser mulher, porque era infértil. Em meio a tantas dores e à enorme sensação de estarem presos ao passado e aos erros que cometeram, ambos tinham motivos para se orgulhar: ele sabia sobre as coisas da terra, ela dominava as palavras, o que era raro e inimaginável em um local onde as mulheres eram submissas aos homens e não tinham acesso a cultura e à informação.
"Ninguém mais do que eu amava as palavras. Ao mesmo tempo, porém, eu tinha medo da escrita, tinha medo de ser outra e, depois, não caber mais em mim. (...) A palavra desenhada no papel era a minha máscara, o meu amuleto, a minha mezinha."
Neste livro, assim como nos demais, Mia aborda temas duros e complexos, mantendo uma escrita poética, repleta de profundas reflexões e de mensagens que certamente levaremos por toda a vida. No entanto, neste, de forma mais intensa que nos demais, ele aborda a questão das mulheres: a sexualidade, a opressão aos desejos e aos sonhos, os atos de violência física e psicológica praticados rotineiramente contra elas etc.
Somos levados a uma história que mistura a realidade com a imaginação (ou insanidade) da mente dos narradores. Enquanto relatam as vivências refletem sobre quem são e quem poderiam ter sido se tivessem feitas escolhas diferentes ou se, pelo menos, tivessem opção de escolha.
Somos levados a uma história que mistura a realidade com a imaginação (ou insanidade) da mente dos narradores. Enquanto relatam as vivências refletem sobre quem são e quem poderiam ter sido se tivessem feitas escolhas diferentes ou se, pelo menos, tivessem opção de escolha.
“Todas essas mulheres já estavam mortas. Não falavam, não pensavam, não amavam, não sonhavam. De que valia viverem se não podiam ser felizes?"
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