Crítica Da boca para dentro

Da Boca Para Dentro , de Yohana Sanfer

19:19Universo dos Leitores

“Pra onde vai e de onde vem tudo aquilo que nos importa, esse tudo que é grande e traduzido pelas palavras que não cabendo no peito, transbordam corpo, alma e nossas certezas? Minha suspeita: da boca para dentro...”
O trecho acima, retirado do texto cujo título dá nome ao livro, traduz a essência das 54 crônicas distribuídas em 159 páginas de uma obra em que o ingrediente principal sobrepõe ao papel e nos envolve em cada palavra dita da boca para dentro: amor. 

São frases, linhas e páginas que relatam experiências, desejos, insegurança e ousadia. Um cotidiano de sentimentos em comum que nem sempre sabemos como expressar e foram traduzidos em cada crônica. Mesmo sendo narrado na primeira pessoa, é como se as palavras saíssem da nossa boca e ganhasse lugar cativo naquele papel. Pura poesia. 

Em A Criança Que Eu Fui, nossos sonhos são resgatados e nos faz refletir sobre o mundo dos adultos, esse de hoje, mas também o de ontem e de o amanhã, que independente da época acaba por matar a criança que um dia existira para dar espaço ao poder, ganância e ignorância (não por falta de conhecimento, mas pela ausência da troca): 
Yohana também mostra seu gosto musical ao utilizar trechos famosos em seus títulos como SheLovesYoudos Beatles; Para Além Do Que Se Vê e Deixa o Verão Para Mais Tarde, de Los Hermanos; Aquele Abraço de Gilberto Gil; Cotidiano de Chico Buarque; entre outros. 

Da Boca Para Dentro traz cor às relações, faz o coração pulsar mais forte, alimenta a alma, instiga o desejo. É livro para se comer com os olhos enquanto escuta à bossa nova e degusta aquele vinho que há tempos espera por você. “Sirva-se, Enquanto Quente”.


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