A vida de um adolescente não é
nada fácil. Em meio aos conflitos inerentes à idade, escola, amigos e
incertezas quanto ao futuro, um jovem ganha um acréscimo de drama na sua vida
quando perde o pai na guerra. Brincalhão
e sádico, o destino ainda reserva a diabetes para o garoto, que diante de tantos problemas, é arremessado para um mundo mágico escondido dentro de si
mesmo, consequência das alucinações provocadas pelas crises de hipoglicemia.
Esse é Joe, O Bárbaro, a obra de
Grant Morrison que fascina pela sobreposição de fantasia e realidade ilustrada
pelo dramático desenho de Sean Murphy. Em
sua mente o garoto transforma sua casa em um extenso reino. Seu rato de
estimação ganha à condição de fiel escudeiro tal como o Sancho Pança de
Cervantes, enquanto seu pai morto no Iraque se materializa em sua quimera na
figura de um Cavaleiro de Ferro desaparecido.
Morrison reacende o choque entre realidade e alucinação como fez em Batman, onde o Bruce Wayne do presente
recebe a visita daquele que foi enquanto criança. Embora ache que o roteiro
poderia sustentar por mais tempo a dúvida de que lado da fronteira entre realidade
e fantasia o personagem está, a história não perde em nada quando o autor
enfatiza a busca simbólica que o garoto tem pela reconciliação com o pai antes
vilão e agora herói renascido e a reconquista do reino, sua casa.
Lúdica e intensa, a obra é capaz de fazer o
leitor se comprometer com os dramas do garoto, enquanto se espelha em alguns deles.
Em suma, Joe, O bárbaro narra a viagem que todo garoto faz quando é obrigado a
fugir de uma realidade cruel para o
mundo fantástico dentro da própria cabeça, usando como plano de fundo aquilo
que lhe da alegria enquanto é desafiado
por aquilo que lhe proporciona incerteza.
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