Miles Halter é o narrador protagonista dessa história,
típico personagem de John Green: adolescente, inteligente (praticamente um
nerd), cheio de conflitos internos, em busca de mudanças e com uma mania estranha
(a dele é colecionar “últimas palavras”, ou seja, palavras ditas pelas pessoas
antes da morte). Ele decide sair de seu atual colégio e vai para um internato,
em busca do “Grande Talvez” citado pelo poeta francês François Rabelais.
Em Culver Creek, Miles passa a dividir um quarto com
Coronel, que se torna um grande amigo, ganha o apelido de Gordo (justamente por
ser bem magro!) e conhece seus outros novos amigos: Takumi, Lara e Alasca. Essa
última, uma garota extremamente inteligente, bonita e sensual, mas cheia de
altos e baixos, complexa e confusa – o que explica bem o nome do livro. Alasca
Young tem um namorado, mas isso não impede que Gordo se apaixone por ela.
“Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era
irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então voltei
para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas
fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão.”
John Green tem uma habilidade incrível de narrar os
acontecimentos da vida de um grupo de adolescentes como se ele mesmo fosse um.
Ele utiliza uma linguagem repleta de gírias e até palavrões, com tiradas muito
bem humoradas, mas sempre dá um jeito de impregnar suas histórias com conflitos
que geram reflexões, algo bem comum nessa fase da vida. Seus personagens são
sempre densos, cheios de defeitos, inseguranças, medo, curiosidade. O grupo de
Miles está sempre se escondendo para desfrutar de bebidas e cigarros, além de
planejar trotes na escola, sendo Alasca a principal responsável pelas ideias
mais mirabolantes.
“ ‘Porque você fuma tão depressa?’, perguntei. Ela me olhou
e abriu um sorriso largo, e um sorriso assim tão largo em seu rosto estreito
talvez lhe desse um ar meio tolo não fosse a inquestionável elegância de seus
olhos verdes. Ela sorriu com todo um encantamento de uma criança na noite de
Natal e disse: ‘Vocês fumam para saborear. Eu fumo para morrer.’”
Como já disse em outras resenhas de livros do Green, repito que
este também é diferente de “A culpa é das estrelas”, o primeiro que muitos
leitores conhecem do autor e acabam se apaixonando. Se você amou “A culpa é das
estrelas”, não necessariamente vai gostar também de “Quem é você, Alasca?”, por
isso, cuidado com expectativas. Eu sou suspeita, porque gosto do estilo do
autor. Não digo que esse seja o que mais gostei dele, mas o considero sim um
bom livro, intrigante e inteligente na medida.
“Precisava ser dito, mas as palavras fizeram tudo ficar
desagradavelmente desconfortável, como ver seus avós se beijando.”
“Se ao menos
conseguíssemos enxergar a infinita cadeia de conseqüências que resulta das
nossas pequenas decisões. Mas só percebemos tarde demais, quando perceber é
inútil.”
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