Crítica Darkside Books

Psicose, de Robert Block

12:16Isabela Lapa

Psicose é o livro de Robert Bloch que inspirou o famoso e marcante filme de Alfred Hitchcock, lançado no ano de 1960 nos Estados Unidos. 

O livro, que tem como personagem principal Norman Bates, o dono do Bates Motel, é um dos maiores clássicos de suspense de todos os tempos e comprova, de forma impactante, o poder da mente humana e os problemas que ela pode causar quando a pessoa perde a noção do real e do imaginário. 

Bates, apesar de antissocial e pacato, aparentava ser um homem correto e que não se envolvia em confusões. Aos 40 anos de idade, morava com a mãe no motel e sempre se ocupava de todas as obrigações sobre o pretexto de que ela era doente e não possuía condições psíquicas para conviver com os hospedes sem afastá-los. 
Apesar de tal alegação e da tentativa de Bates de protegê-la, o relacionamentos entre os dois era um constante conflito. Isto porque, a personalidade de sua mãe era agressiva, e dominadora, o que o reduzia a um ser invisível e sem voz diante dos seus constantes comandos. O interessante é que o livro deixa claro que ele percebia isso, mas não conseguia encontrar meios para solucionar o problema. Ao mesmo tempo em que se sentia um homem seguro e inteligente diante dos seus livros, era extremamente infantil e submisso diante da mãe. 

Com base nessa premissa a história se constrói a partir do momento em que Mary Krane, uma singela auxiliar de escritório, resolve roubar 40 mil dólares do seu chefe para ajudar o noivo a quitar algumas dívidas. Na tentativa de passar despercebida até chegar na cidade do noivo, em uma noite chuvosa ela opta por se hospedar em um motel isolado, o Bates Motel. Lá, em razão da chuva e da distância até a cidade, Norman a convida para jantar e a conversa entre os dois toma rumos inesperados - Mary sugere que Norman interne a mãe para que possa viver a própria vida. 
Após o jantar, nervoso com as insinuações de Mary, o homem bebe muito e resolve espiá-la por meio de uma fresta do banheiro. Enquanto espiava, eis que surge a sua mãe, que com uma faca de açougueiro cortou a cabeça de Mary.

O desaparecimento misterioso da garota preocupou a sua irmã e o seu noivo, que começaram um busca incansável por respostas. Essa busca os conduziu ao Motel Bates, que revelou esconder segredos perigosos e inimagináveis. 

Quem era Norman e o que passava em sua mente são apenas alguns dos grandes mistérios dessa história que com aproximadamente 220 páginas prende a atenção desde o primeiro capítulo e surpreende no final. 

A narrativa, que é fluida e ao mesmo tensa, mistura emoções e sensações, uma vez que em alguns momentos sentimos pena de Norman e em outros ódio. É preciso enfatizar que as características do personagem são desenvolvidas com perfeição e Bloch consegue colocar com brilhantismo a ideia do delírio e da paranoia. 
Um ponto que merece ser comentado é que alguns capítulos são narrados por Norman e neles é possível penetrar na sua mente de forma tão incrível e intensa que não tem como permanecer alheio aos acontecimentos e aos seus delírios. 

Destaques e curiosidades:

- A edição da Darkside Books conseguiu trazer de volta ao Brasil a história que estava fora de circulação há mais de 50 anos.

- Robert Bloch baseou o livro no caso de Edward Theodore Gein, que causou grande comoção social nos anos 50. Ed Gein, como ficou conhecido, era psicótico e além de homicida tinha o fetiche de exumar corpos em cemitérios.

- Quando Alfred Hitchcok conheceu a história do livro decidiu criar um filme sobre ela, mas a ideia foi completamente descartada pela Paramount. Ciente do sucesso que aquele trabalho teria no cinema, ele fez uma jogada de risco: arcou com todas as despesas do projeto cinematográfico e comprou as três mil edições do livro que estavam disponíveis para venda no intuito de que ninguém conhecesse o final da história antes da estreia do filme. 
- A cena do assassinato de Mary no banheiro é uma das mais famosas do cinema.

- Apesar de ter sido muito fiel ao trabalho de Bloch, o filme dá um destaque grande à Mary Krane, o que não acontece no livro, que se preocupa mais com os gostos e as peculiaridades da vida de Norman.  

- Independente da ordem escolhida (livro ou filme), as surpresas permanecem intactas. Parece que eles se complementam, é incrível isso! 

Edições: 

A Editora Darkside colocou o livro no mercado em duas edições. A brochura, de capa branca e a limitada, com capa dura preta. O cuidado dispensado nelas foi o mesmo, ambas estão simplesmente espetaculares e incríveis. No entanto, além da capa, a diferença entre a edição simples e a limitada está no fato de que a edição limitada apresenta, ao final, diversas fotos de cenas do filme. 

*Aproveite para saber mais sobre
 "O Circo Mecânico" e "Prince of Thorns"


                                               

                                                       

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